Ética e Integridade Científica e Inteligência Artificial

Diretriz editorial da BJPE sobre o uso ético de inteligência artificial na atividade científica (Arquivo PT e Arquivo EN)

Versão atualizada - julho de 2025

§1. Introdução

O uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) na produção, avaliação e edição de textos acadêmicos tem se tornado cada vez mais comum. Embora reconheçamos o potencial dessas tecnologias para aprimorar a produtividade e a qualidade dos trabalhos, é imprescindível garantir que seu uso ocorra com responsabilidade, transparência e respeito aos princípios da integridade científica. Esta diretriz da Brazilian Journal of Production Engineering (BJPE) estabelece orientações para autores, avaliadores e editores quanto ao uso ético de ferramentas de IA generativa e assistiva no âmbito da revista. Importante ressaltar também que buscamos sempre a conformidade com os princípios da COPE, Abepro, ABEC Brasil, ANPAD, ICMJE, IBICT, UFES, Dora, Barcelona Declaration, Hong Kong Principles, ABC e UNESCO, reforçando o compromisso com a integridade científica, ética editorial e uso responsável de tecnologias emergentes. Reconhecendo seu papel como espaço de formação científica, a BJPE entende que orientar, educar e estimular o uso ético e crítico de ferramentas de IA é parte essencial da missão editorial.

§2. Diretrizes para Autores

2.1. Declaração obrigatória. Autores devem declarar explicitamente se utilizaram ferramentas de IA para auxiliar na produção do manuscrito, especificando:
• qual ferramenta foi utilizada (ex: ChatGPT, Copilot, Grammarly);
• para quais finalidades (ex: revisão gramatical, geração de ideias, tradução, apoio na redação inicial etc.); • o grau de intervenção humana posterior.

Essa declaração deve constar na seção de Agradecimentos ou em nota de rodapé logo na primeira página.

2.2. Proibições.

• Ferramentas de IA não podem ser listadas como coautoras.
• É vedado o uso de IA para gerar automaticamente resultados de pesquisa sem validação humana.
• É proibido submeter manuscritos gerados inteiramente por IA, mesmo com edição posterior.
• A utilização de IA para manipular dados, simular autoria ou fabricar referências bibliográficas constitui fraude científica e será tratada com rigor, podendo resultar em rejeição imediata, retratação pública ou comunicação a instituições de pesquisa.

2.3. Responsabilidade autoral. A responsabilidade pelo conteúdo do manuscrito é inteiramente dos autores humanos. O uso de IA não isenta os autores das obrigações quanto à originalidade, coerência, exatidão dos dados e conformidade com as normas da BJPE.

§3. Diretrizes para Avaliadores

3.1. Uso permitido de IA assistiva. Avaliadores podem utilizar ferramentas de IA como apoio na redação de pareceres, desde que: mantenham o julgamento crítico e autoral; revisem integralmente os textos gerados; não incluam dados confidenciais do manuscrito em plataformas abertas.

3.2. Confidencialidade. Manuscritos sob revisão não devem ser compartilhados com sistemas de IA em nuvem que não garantam confidencialidade e proteção de dados.

§4. Diretrizes para Editores

4.1. Verificação de uso indevido de IA. Editores podem utilizar ferramentas especializadas (ex: detectores de IA, verificadores de similaridade) para identificar usos não declarados ou inadequados.

4.2. Adoção de boas práticas. Promover campanhas de formação sobre uso ético de IA para todos envolvidos no fluxo editorial; estimular a declaração de ferramentas usadas, mesmo para revisão textual.

4.3. Alinhamento institucional. Esta diretriz está alinhada às recomendações das entidades, acima citadas, e de referência sobre integridade em publicações científicas.

4.4. Advertência contra deepfakes. Geração de imagens, citações ou gráficos com IA que não traduzam à realidade factual (deepfakes) compromete a confiabilidade científica e será tratada como má conduta.

§5. Exemplos práticos (resumo)

Uso de IA para escrever todo o artigo - Vedado

Tradução com IA (revisada por humano) - Deve ser declarado

Uso de IA para revisar gramática - Deve ser declarado

§6. Glossário

IA generativa: cria textos, códigos, imagens ou músicas originais (ex: ChatGPT, Copilot).

IA assistiva: corrige gramática, sugere palavras, traduz (ex: Grammarly, Deepl).
• Coautoria: atribuída apenas para quem contribuiu significativamente com responsabilidade e capacidade de responder pelo trabalho.

§7. Modelo de Declaração de Uso de IA

“Declaramos que utilizamos a ferramenta [nome da IA] com a finalidade de [descrever a função: revisão ortográfica, sugestões de estrutura de parágrafo, tradução etc.], tendo o texto sido integralmente revisado e validado por nós, autores humanos, que assumem total responsabilidade pelo conteúdo.”

Esta diretriz será periodicamente revisada, acompanhando a evolução das tecnologias de IA e as práticas editoriais internacionais.

Prof. Dr. Rodrigo Randow de Freitas

Editor-Chefe – Brazilian Journal of Production Engineering (BJPE) Universidade Federal do Espírito Santo – UFES Centro Universitário Norte do Espírito Santo – CEUNES Departamento de Engenharias e Tecnologia – DET https://periodicos.ufes.br/bjpe/index Instagram: @revistabjpe