Ver uma imagem em uma imagem: Husserl
DOI:
https://doi.org/10.47456/rf.v1i19A.21018Abstract
A fim de evitar possíveis desvios ou devaneios teóricos e práticos, isso em razão do título, não abordarei diretamente a famosa recomendação feita por Leonardo da Vinci em seus Carnets: "Se você olhar para paredes saturadas de manchas, ou feitas de pedras de espécies diferentes, e que você tenha de imaginar alguma cena, você verá aí paisagens variadas, montanhas, rios, pedras, árvores, planícies, grandes vales e vários grupos de colinas. Vai também descobrir aí combates e figuras com um movimento rápido, rostos de expressões estranhas [...] e uma infinidade de coisas [...]». Nem abordarei diretamente o método de Alexander Cozens, que consiste em criar imagens a partir de manchas espalhadas aleatoriamente em papel ou tela, nem também diretamente as pinturas de Archimboldo ou as de Dalí, nas quais pode-se discernir uma cabeça, uma paisagem, (ou até) personagens constituídas, não obstante, por elementos separados e díspares. O que se denomina paraeidolia – a capacidade de ver todos os tipos de figuras em formas naturais ou artificiais – existe, também, na fotografia, quer se trate da vontade do operador, ou da reconstrução do receptor e, embora esta abordagem incida na possibilidade ilusória e concreta de ver uma imagem em uma imagem – logo um caso, exponencial, é o processo de mise en abyme – não é essa rica problemática que será discutida aqui. Enquanto a paraeidolia se faz pela reunião das similaridades, a abordagem de que se trata aqui é a da analogia das imagens, ou da imagem-analogon, de uma imagem que é, pois, outra em si mesma. [...]
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