O GERENCIAMENTO DA ESCUTA DE ORIENTAÇÕES EM UMA COMPETIÇÃO DE BODYBOARD E EM UMA AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL
A DIFERENÇA ENTRE “se me ouviu bela, dá um salve aÊ.” e “<que que eu faLEI pra fazer?>”
DOI:
https://doi.org/10.47456/45sq6x97Palavras-chave:
Intersubjetividade, Demonstração de escuta, Demonstração de entendimento, Análise multimodalResumo
Em uma interação, de uma maneira geral, os interagentes organizam suas tomadas de turno para empreenderem novas ações com base na demonstração de que compreenderam a ação previamente empreendida junto a uma orientação para agir em resposta a essa ação anterior. Para tanto, é preciso que os interagentes demonstrem que escutaram o que foi dito anteriormente, ao mesmo tempo em que igualmente demonstrem que compreenderam a ação implementada antes. Fundamentado nos princípios da Análise da Conversa de base etnometodológica e a partir da análise de dois cenários marcadamente distintos, este artigo tem como objetivo principal a descrição e análise de uma interação ocorrida em um campeonato de bodyboard, representativa quando comparada a uma interação que se desenrola em uma aula do 1º ano do ensino fundamental. No primeiro cenário, o fato de os interagentes estarem a uma longa distância entre si faz com que a demonstração de escuta se desenvolva de uma maneira bem marcada, se configurando como um episódio em que a tentativa reiterada de fornecer informação demonstradamente necessária à competidora leva-a a aproveitar os momentos finais da disputa. Em contrapartida, no segundo cenário, as ações verbais e corporificadas da professora, ao constanger o estudante a confirmar a escuta de uma orientação anterior, leva-o a produzir ações responsivas condizentes com esse constrangimento.
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