O GERENCIAMENTO DA ESCUTA DE ORIENTAÇÕES EM UMA COMPETIÇÃO DE BODYBOARD E EM UMA AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL

A DIFERENÇA ENTRE “se me ouviu bela, dá um salve aÊ.” e “<que que eu faLEI pra fazer?>”

Authors

DOI:

https://doi.org/10.47456/45sq6x97

Keywords:

Intersubjetividade, Demonstração de escuta, Demonstração de entendimento, Análise multimodal

Abstract

Em uma interação, de uma maneira geral, os interagentes organizam suas tomadas de turno para empreenderem novas ações com base na demonstração de que compreenderam a ação previamente empreendida junto a uma orientação para agir em resposta a essa ação anterior. Para tanto, é preciso que os interagentes demonstrem que escutaram o que foi dito anteriormente, ao mesmo tempo em que igualmente demonstrem que compreenderam a ação implementada antes. Fundamentado nos princípios da Análise da Conversa de base etnometodológica e a partir da análise de dois cenários marcadamente distintos, este artigo tem como objetivo principal a descrição e análise de uma interação ocorrida em um campeonato de bodyboard, representativa quando comparada a uma interação que se desenrola em uma aula do 1º ano do ensino fundamental. No primeiro cenário, o fato de os interagentes estarem a uma longa distância entre si faz com que a demonstração de escuta se desenvolva de uma maneira bem marcada, se configurando como um episódio em que a tentativa reiterada de fornecer informação demonstradamente necessária à competidora leva-a a aproveitar os momentos finais da disputa. Em contrapartida, no segundo cenário, as ações verbais e corporificadas da professora, ao constanger o estudante a confirmar a escuta de uma orientação anterior, leva-o a produzir ações responsivas condizentes com esse constrangimento.

Author Biographies

  • Roberto Perobelli, Universidade Federal do Espírito Santo

    Possui graduação em Letras (2003), mestrado em Letras (2006) e doutorado em Linguística (2012) pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Tem experiência de pesquisa na área de Linguística Aplicada, com ênfase em Análise da Conversa e Etnometodologia. Recentemente (2019), finalizou seu estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UNISINOS. Atualmente tem realizado e orientado pesquisas sobre a interface fala-em-interação e posturas afetivas.

  • Cecília Minette Izoton Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais

    Educadora, artista e pesquisadora, atua nas áreas de Cultura e Educação desde 2017 e possui experiência com educação formal e popular e em projetos sociais e culturais. Licenciada em Letras Português pela UFES, Especialização em Mídias em Educação pela UFSJ e em Linguagens e Códigos pela UFPI e graduanda em Teatro pela UFMG. Atualmente, trabalha como artista independente e professora de português, teatro e circo, além disso, é monitora no Teatro Universitário - curso técnico em teatro da UFMG.

  • Márcio Cláudio dos Reis, Universidade Federal do Espírito Santo

    Graduado em Letras Inglês pela UFES (2006), Professor de Inglês da Rede Pública Municipal de Vitória desde 2007 e da Rede Pública Estadual desde 2008. Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) desde setembro de 2019 e doutorando do mesmo programa desde fevereiro de 2021.

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Published

02-07-2025

How to Cite

O GERENCIAMENTO DA ESCUTA DE ORIENTAÇÕES EM UMA COMPETIÇÃO DE BODYBOARD E EM UMA AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL: A DIFERENÇA ENTRE “se me ouviu bela, dá um salve aÊ.” e “<que que eu faLEI pra fazer?>”. PERcursos Linguísticos, [S. l.], v. 15, n. 37, p. 251–266, 2025. DOI: 10.47456/45sq6x97. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/article/view/46300. Acesso em: 5 dec. 2025.