'Continentes' ou 'conjugati'? Uma análise do dispositivo de sexualidade agostiniano no contexto da Querela Jovinianista
DOI:
https://doi.org/10.17648/rom.v0i11.21821Palavras-chave:
Agostinho de Hipona, Querela Jovinianista, SexualidadeResumo
Este artigo analisa o pensamento de Aurélio Agostinho, bispo de Hipona, no norte da África romana, sobre as sexualidades em dois tratados escritos no início do século V, no contexto da Querela Jovinianista: De bono coniugali e De sancta virginitate. Com o auxílio das reflexões teóricas de Michel Foucault, pretende-se apontar que a tentativa discursiva de positivar o matrimônio, em consórcio com o louvor da virgindade, levou Agostinho a adotar posição ambivalente, de modo que seu posicionamento pode ser entendido como, em parte, anti-reprodutivo e, objetivamente, anti-sexualidade ativa. Como resultado, a sexualidade reprodutiva concedida indulgentemente se liga ao longo processo histórico de naturalização do que hodiernamente denominamos de heteronormatividade.Downloads
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