Cultura material, recursos digitais e conhecimento histórico: reflexões sobre a elaboração de bancos de dados para pesquisas em Arqueologia Clássica
DOI:
https://doi.org/10.17648/rom.v0i12.23525Palavras-chave:
Arqueologia, Cultura material, Cerâmica, Recursos digitais, Banco de dadosResumo
Os avanços do conhecimento histórico sobre a Antiguidade Clássica, nas últimas décadas, devem muito aos conhecimentos arqueológicos, que reposicionam a relação entre as fontes escritas e materiais na interpretação do passado. A descrição e classificação tipológica fundamentadas nos aspetos morfológicos, cronológicos, técnicos e estilísticos da cultura material constituem dois dos principais recursos metodológicos para a produção do conhecimento arqueológico. As inovações eletrônicas atuais trouxeram inúmeras contribuições para o pesquisador por meio de programas de análise inter-relacionada dos dados, e possibilidades de acesso aos dados e difusão do conhecimento, viabilizando perspectivas futuras e novas leituras de um mesmo objeto de estudo. Assim, a produção de bancos de dados assume um papel fundamental para a elaboração de catálogos de referência, e promove uma maior variabilidade de interpretações. Todavia, faz-se necessário refletir sobre os objetivos, usos e alcances de tais recursos metodológicos para a comunidade acadêmica e para as pesquisas científicas como um todo, assim como as questões relativas ao acesso público às informações. Neste artigo, procuramos sistematizar e discutir tais questões por meio de alguns exemplos específicos e propostas de modelos de organização de corpora documentais, e da construção de bases de dados em pesquisas na área da Arqueologia Clássica, apresentando as propostas e possibilidades de análise de dados que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga (LECA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
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Referências
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