Protagonismo feminino no cristianismo antigo

as experiências de Perpétua de Cartago (203 d.C.)

Autores

  • Roney Marcos Pavani Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) - Nova Venécia

DOI:

https://doi.org/10.29327/2345891.21.21-12

Palavras-chave:

História das mulheres, História do cristianismo, Alto Império, Cartago, Perpétua

Resumo

Nesse artigo, nos propomos, com base nas Atas de Perpétua e Felicidade (203 d.C.) – um relato de uma mulher recém-convertida ao cristianismo – a analisar como as mulheres cristãs na sociedade romana, e na Cartago do século III em particular, não eram propriamente invisíveis, e sim invisibilizadas. Isso era feito por meio de um trabalho constante de disciplina e enquadramento, que partia tanto de intelectuais quanto de autoridades civis e religiosas. Porém, obscurecer histórias de mulheres envolvendo o martírio e a sua atuação efetiva no seio das comunidades nem sempre funcionava. Atestam-no o relato de Perpétua, além de uma infinidade de outros textos cristãos, ditos apócrifos. Estas fontes, na realidade, representam um marco do cristianismo nascente, o qual, em muitas de suas vertentes, e em maior ou menor grau, fez as mulheres saírem da penumbra para assumirem novas identidades.

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Publicado

19-09-2023

Como Citar

PAVANI, Roney Marcos. Protagonismo feminino no cristianismo antigo : as experiências de Perpétua de Cartago (203 d.C.). Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, [S. l.], n. 21, p. 226–245, 2023. DOI: 10.29327/2345891.21.21-12. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/romanitas/article/view/40075. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Tema livre