A construção discursiva da histerização de Rousseff

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/simbitica.v12i2.47759

Palavras-chave:

território político, mulheres, claustro da histeria, Dilma Rousseff

Resumo

O artigo analisa a exclusão das mulheres do espaço político brasileiro contemporâneo, tomando como caso exemplar a trajetória da ex-presidenta Dilma Rousseff, alvo de um processo de deslegitimação simbólica baseado em sua associação com a histeria, mecanismo historicamente utilizado para controlar e banir o feminino que rompe com padrões normativos de gênero. A pesquisa foca na análise discursiva de matérias jornalísticas que retratam Dilma como desequilibrada e indesejável, culminando em seu banimento do jantar do Grupo Prerrogativas, em 2021. O texto relaciona esses episódios com o conceito de claustro da histeria, mostrando como a misoginia estrutura a exclusão feminina do poder por meio de discursos que unem desumanização, controle social e violência simbólica. A partir do exposto, serão analisadas as matérias “Uma presidente fora de si” (IstoÉ), “Dilma, a vigarista, merecia virar sucessora de Maria I, a Louca” (Veja) e “Dilma virou moribunda como um zumbi e ninguém quer seu retorno ao poder” (Folha de São Paulo), relacionando-as ao não convite ao jantar.

Biografia do Autor

  • Raabe Bastos, Universidade Federal de Minas Gerais

    Professora Associada do Departamento de Comunicação Social e Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo. Pesquisadora da Fapes/ES, Edital Mulheres na Ciência. 

  • Gabriela Santos Alves, Universidade Federal do Espírito Santo

    Professora Associada do Departamento de Comunicação Social e Docente Permanente do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brasil. Pesquisadora da Fapes/ES, Edital Mulheres na Ciência. Desenvolve pesquisa sobre audiovisualidades e sua interseção com teoria e crítica feministas contemporâneas. Integra o LapVim - Laboratório de Pesquisas sobre enfrentamento à Violência contra Mulheres no Espírito Santo e o grupo de pesquisa CIA - Comunicação, imagem e afeto (UFES/CNPq). Cursou Doutorado em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro - Eco/UFRJ (2010), instituição onde também concluiu primeiro Estágio Pós doutoral, em 2018. Em 2023 concluiu segundo Estágio Pós doutoral junto ao Programa de Pós graduação em Filosofia/UFES. Cursou Graduação em Comunicação Social - Rádio e TV pela FAESA (2000), Graduação em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (2003), Especialização em História Política - UFES, Especialização em Filosofia - UFES e Mestrado em Estudos Literários (2005), também pela Universidade Federal do Espírito Santo (2005). Áreas de interesse acadêmico e artístico: cultura audiovisual e identidades femininas; representatividade no audiovisual; teoria e crítica feministas contemporâneas; gênero e racialidades. Realizadora audiovisual.

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Publicado

23-08-2025

Edição

Seção

Artigos livres

Como Citar

A construção discursiva da histerização de Rousseff. (2025). Simbiótica. Revista Eletrônica, 12(2), 286-302. https://doi.org/10.47456/simbitica.v12i2.47759