FRAMES E ARGUMENTAÇÃO: ANALISANDO O DISCURSO PRESIDENCIAL DE MICHEL TEMER PÓS-IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF

Autores

  • Renata Palumbo Centro Universitário Carlos Drummond de Andrade/Faculdade Sesi de Educação https://orcid.org/0000-0001-6969-0802
  • Zilda Gaspar Oliveira de Aquino Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)
  • Anna Christina Bentes Departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas

Resumo

Levando-se em conta o postulado de Marcuschi (2008, p.40), para quem o desafio cognitivo corresponde a uma das “perplexidades da linguística contemporânea, uma vez que se trata de uma determinação tanto interna quanto externa da língua”, consideramos importante a criação de interfaces entre estudos cognitivos e os da Linguística de Texto, de maneira a se desenvolverem análises linguísticas sistematizadas, especialmente para se compreender os mecanismos argumentativos acionados nos discursos políticos. Assim é que propomos uma discussão teórica na qual procedemos ao diálogo entre os estudos do texto e do discurso (MARCUSCHI, 2007; KOCH, 2014) e os da cognição, em especial, das noções sobre frame (LAKOFF, 2004; FILLMORE E BAKER, 2009; DUQUE, 2015), com a atenção voltada para sua participação na argumentação. Observamos as seleções verbais iniciadas pelo prefixo re- – retomar, recolocar, revitalizar e reconciliar – no discurso escrito de Michel Temer, pronunciado após o Senado ter aprovado o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Os resultados indicam que essas formulações linguísticas, junto a outros procedimentos com os quais interagem, atuam como promotoras de ativação e de criação de perspectiva do frame GOVERNO FEDERAL DO BRASIL, ligando-se à argumentação do discurso, principalmente no que diz respeito ao logos.

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Biografia do Autor

Renata Palumbo, Centro Universitário Carlos Drummond de Andrade/Faculdade Sesi de Educação

Possui pós-doutoramento pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, no Departamento de Letras, com a pesquisa "A Língua Portuguesa como objeto de poder e de acordo na
comunidade política lusófona". Concluiu o doutorado e o mestrado pela mesma Universidade. Fez estágio
sanduíche pelo Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad). Trabalha com a interface entre ensino,
mídia, sociocognição e argumentação. Autora do livro "Referenciação, metáfora e argumentação no discurso
presidencial", publicado pelo FFLCH-USP como produção acadêmica premiada. Já atuou como Professora junto
ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH-USP, na condição de contratada por concurso
público. Participou do curso de imersão em inglês da University of Art and Design, em Santa Fé, Estados Unidos.
Exerce a função de docente do ensino superior há mais de dez anos e, atualmente, é professora do Centro Universitário Carlos Drummond de Andrade e da Faculdade Sesi de São Paulo.

Zilda Gaspar Oliveira de Aquino, Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)

Professora Doutora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da FFLCH/USP. Doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo e Mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-Doutorado pela Universidade do Minho. Lidera o Grupo de Estudos do Discurso da USP (GEDUSP) e coordena os subgrupos Teorias da Argumentação e Análise Crítica do Discurso. Coordena o projeto de cooperação acadêmica interinstitucional PROCAD (USP/UFRN/UNISINOS. Integra o REDIPAr (Rede Internacional de Pesquisas em Argumentação). Participa do Programa de Pós-Graduação Profissional - PROFLETRAS -USP, vinculado ao Depto de Letras Clássicas e Vernáculas (FFLCH-USP) , tendo sido Coordenadora. de 2015 a 2017. Foi editora responsável pela revista Linha D'Água (2005-2011). Integrou os seguintes Projetos - Projeto de cooperação internacional USP/Univ. do Porto. Projeto da Norma Urbana Culta - Núcleo São Paulo (NURC/SP), Projeto da Gramática do Português Falado (PGPF), Projeto da História do Português Paulista - Projeto Caipira (PHPP), Subgrupo Tradições Discursivas, vinculado ao Projeto para a História do Português do Brasil (PHPB). Pesquisa sobre os temas direcionados a: discurso político, teorias da argumentação, argumentação e cognição,análise crítica do discurso, discurso da mídia, língua falada e escrita nas perspectivas sincrônica e diacrônica, além de se dedicar à linguística aplicada ao ensino de língua materna.

Anna Christina Bentes, Departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Pará (1986), mestrado em Lingüística pela Universidade Federal de Santa Catarina (1992), doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (2000). Fez pós-doutorado no Departamento de Antropologia da Universidade da California, Berkeley (2006). Atualmente é professora do Departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas. Seu Grupo de Pesquisa no CNPq intitula-se "Linguagem como prática social: analisando a produção, a recepção e a avaliação de interações, gêneros do discurso e estilos lingüísticos". Atua nas áreas de Sociolinguística, Linguística do Texto e do Discurso e Linguística Aplicada. Organizou, com Fernanda Mussalim a coleção "Introdução à Lingüística", volumes 1, 2 e 3; com Ingedore Koch e Edwiges Morato, a obra "Referenciação e Discurso"; e com Marli Quadros Leite, "Linguística Textual e Análise da Conversação: panorama das pesquisas no Brasil." É autora do livro didático "Linguagem: práticas de leitura e escrita", volume 2, e é co-autora, com Ingedore Koch e Mônica Cavalcante, da obra "Intertextualidade: diálogos possíveis". Organizou e traduziu, com Renato Rezende e Marco Antônio Machado, a obra "Lingua como prática social: sobre as relações entre língua, cultura e sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin", composta por artigos de William Hanks. Foi coordenadora do Grupo de Trabalho "Linguística Textual e Análise da Conversação" da ANPOLL nos Biênios 2008-2010 e 2010-2012. É membro do Comitê Gestor e Editorial da Cortez Editora. Também coordena o Centro de Pesquisa "Margens", do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP (Biênio 2009-2011), do qual fazem parte os pesquisadores Suzi Sperber, Sandoval Nonato Gomes Santos, Renato Cabral Rezende e Rosane Alencar. Tem atuado desde 2010 como parecerista das seguintes agências: CAPES, FAPESP e CNPq. Coordena, com Márcia Mendoinça e Marcos Lopes, o Programa PIBID Letras Unicamp, iniciado em 2014. Seus estudos concebem a abordagem da língua(gem) a partir de uma teoria da prática social, focando precisamente nas relações entre a ação verbal, o sistema linguístico e outros sistemas semióticos, e as idéias que os falantes possuem sobre a língua e sobre o mundo social do qual fazem parte. Em função disso, os objetos de estudo privilegiados em suas pesquisas são: i) a heterogeneidade do fenômeno linguístico, com ênfase nos estudos sobre a elaboração de estilos e a formação de registros linguísticos, considerando especialmente recursos textuais-discursivos e multissemióticos, além do fenômeno da reflexividade; ii) a produção, a circulação e a recepção de gêneros do discurso; iii) a estruturação de práticas interativas institucionais.

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Publicado

22-10-2019