A GRAMATICALIZAÇÃO DE GERAL NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

DE ADJETIVO A PRONOME INDEFINIDO/QUANTIFICADOR

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v14i28.31179

Palavras-chave:

Adjetivo, Quantificador, Gramaticalização

Resumo

A gramaticalização é um processo que desenvolve formas gramaticais a partir de formas lexicais e formas ainda mais gramaticais a partir de formas já gramaticais (KURYŁOWICZ, 1975[1965]; HOPPER; TRAUGOTT, 2003; HEINE; KUTEVA, 2005, entre outros). Este trabalho descreve o processo de gramaticalização pelo qual está passando o adjetivo geral na língua portuguesa. A partir da análise de dados extraídos do Corpus do Português (DAVIES; FERREIRA, 2006) e da rede social Twitter, propõe-se que esse adjetivo é empregado com valor adverbial em alguns contextos nos quais determina o verbo e como um quantificador universal em contextos nos quais satura o predicador verbal, seja na posição de sujeito seja na de objeto. As evidências que atestam o processo de gramaticalização deste adjetivo incluem (i) a extensão, pois ele passa a ocorrer em ambientes onde anteriormente não ocorria; (ii) a dessemantização, já que ele passa a veicular um sentido gramatical, sobretudo em seu uso como quantificador, equivalendo ao sentido do pronome indefinido todos; e (iii) a descategorização, uma vez que, em contextos onde é usado em sua forma gramaticalizada, perde a propriedade de se flexionar em número. O cline de gramaticalização proposto segue a direção de adjetivo > substantivo > advérbio > pronome indefinido/quantificador.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luis Filipe Lima e Silva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutor e mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); graduado em Letras (habilitação em Linguística) pela mesma instituição.

Sueli Maria Coelho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); mestra em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG); licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas. É professora da Faculdade de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UFMG.

Referências

AUTOR, 2010.

AUTOR, 2017.

BATORÉO, H. Gramaticalização na língua portuguesa: uma abordagem contrastiva dos estudos desenvolvidos em português europeu (PE) e em português do Brasil (PB). Estudos Linguísticos/Linguistic Studies, Lisboa, v. 5, p. 95-107, 2010.

CÂMARA JR., J. M. Uma forma verbal portuguesa – estudo estilístico e gramatical. Tese apresentada no concurso para a cadeira de Língua Portuguesa da Faculdade de Filosofia. Rio de Janeiro: Jornal do Comércio/Rodrigues & Cia., 1957.

CONDILLAC, É. B. Essay on the Origin of Human Knowledge. Edited by Hans Aarsleff. New York: Cambridge University Press, 2001[1746].

DAVIES, M.; FERREIRA, M. Corpus do Português: 45 million words, 1300s-1900s. 2006. Disponível em: https://www.corpusdoportugues.org. Acesso em: 25 maio 2020.

FERREIRA, A. B. de H. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 7 ed. Curitiba: Editora Positivo, 2008.

HEINE, B. Auxiliaries, cognitive forces, and grammaticalization. New York: Oxford University Press, 1993.

HEINE, B.; KUTEVA, T. Language Contact and Grammatical Change. New York: Cambridge University Press, 2005.

HOPPER, P. The emergence of perfective aspect in Indo-Aryan Languages. In: TRAUGOTT, E. C.; HEINE, B. (Orgs.). Approaches to Grammaticalization. Amsterdam: John Benjamins, 1991. p. 59-90.

HOPPER, P.; TRAUGOTT, E. Grammaticalization. 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

KURYŁOWICZ, J. Esquisses linguistiques II. München: W. Fink, 1975/1965. p. 38-

LEHMANN, C. Thoughts on grammaticalization: a programmatic sketch. v. 1 Arbeiten des Kölner Universalien-Projekts, 1982.

LIMA, J. Sobre a génese e a evolução do futuro com ir em português. In: SILVA, A. (Org.). Linguagem a Cognição: a perspectiva da Linguística Cognitiva. Braga: Associação Portuguesa de Linguística/Universidade Católica, 2001. p. 119-145.

LOPES, C. R. dos S. A inserção de ´a gente´ no quadro pronominal do português. Frankfurt am Main, Madrid: Vervuert, Iberoamericana, 2003.

MARTELOTTA, M. E.; VOTRE, S. J.; CEZARIO, M. M. (Orgs.). Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.

MEILLET, A. L’évolution des formes grammaticales. Scientia (Rivista de Scienza), v.

, n. 26), p. 6, 1912.

NARROG, H.; HEINE, B. The Oxford Handbook of Grammaticalization. Oxford: Oxford University Press, 2011.

RASO, T.; MELLO, H. C-ORAL-BRASIL I: corpus de referência do português brasileiro falado informal. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.

SPITZER, L. Über das Futurum cantare habeo. In: SPITZER, L. Aufsätze zur romanischen Syntax und Stilistik. Tünbigen: Max Niemeyer, 1918. p. 173-180.

TRAUGOTT, E.; TROUSDALE, G. Constructionalization and constructional changes. Oxford: Oxford University Press, 2013.

Downloads

Publicado

14-10-2020