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UMA ANÁLISE FUNCIONALISTA DE CIRCUNSTANCIADORES TEMPORAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v14i28.31324

Palavras-chave:

Circunstancial temporal, Então, Locução adverbial temporal, Funcionalismo, Funções discursivas

Resumo

Este artigo trata das funções textual-discursivas de circunstanciadores temporais de dois tipos: o então e as locuções adverbiais, avaliando também o impacto dessas funções na articulação de orações. A partir de dados coletados em jornais contemporâneos, buscamos relacionar os usos dos circunstanciais a alguns princípios do Funcionalismo norte-americano, como Iconicidade e Marcação, além de nos ancorarmos em alguns princípios da Gramaticalização. Metodologicamente, os circunstanciadores em estudo foram analisados em seus contextos de uso, em perspectiva sincrônica e tratamento prioritariamente qualitativo. Foram identificadas algumas convergências e divergências entre os padrões de uso do então e das locuções adverbiais, como o tipo de função predominante no uso de cada objeto analisado. As divergências possivelmente se devem ao fato de o então não ter, em sua forma, elementos substantivos, como as locuções têm, o que não lhe permite algumas funções discursivas quando é usado como advérbio, como, por exemplo, introduzir tópico. As convergências são mais relevantes, visto que as funções de retomar marco temporal, sequenciar eventos e introduzir tópicos são compartilhadas tanto pelas locuções adverbiais quanto pelo então. Por fim, as análises demonstram também que tanto as locuções adverbiais quanto o então se apresentam como importantes estratégias textual-discursivas para a continuidade e a progressão do texto.

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Biografia do Autor

Ana Beatriz Arena, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutora em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense (UFF); mestra em Língua Portuguesa pela mesma instituição; graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professora da Faculdade de Formação de Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Érika Cristine Ilogti de Sá, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutora e mestra em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); graduada em Letras - Português/Francês pela mesma instituição. É professora da Faculdade de Formação de Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

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Publicado

14-10-2020