CONSTRUÇÕES CONTRASTIVAS ACONTECE QUE E LOGO EU

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v14i28.31383

Palavras-chave:

Construções, Contrastivas, Categorização, Acontece que, Logo eu

Resumo

Neste artigo, propomo-nos a analisar as construções contrastivas acontece que e logo eu/tu, não prototípicas, com base em modelos centrados no uso. O efeito de contraste estabelecido entre os segmentos A e B, em construções prototípicas, resulta de uma quebra de expectativa (não) inferencial, percebida como desigualdade. Utilizamo-nos da proposta de valor semântico da conjunção prototípica mas, de Neves (2011), como exemplar representativo do valor de contraste, para verificar quais relações semânticas são instanciadas pelas construções em foco. Verificaremos, nas amostras selecionadas, os domínios cognitivos chunking (agrupamento) e categorização (BYBEE, 2016). Os dados de acontece que são selecionados em entrevistas da modalidade falada, e logo eu/tu, em amostras de redes sociais e de modalidade falada. Os resultados mostram que acontece que instancia a maior parte das características do conector prototípico mas, enquanto logo eu/tu aponta somente para duas relações semânticas. Ambos instanciam um chunking que nos leva a considerá-los como parte dos conectores de contraste.

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Biografia do Autor

Nilza Barrozo Dias, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com estágio doutoral na University of Santa Barbara; mestra em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF); especialista em Língua Portuugesa pela UFF; licenciada em Letras - Português/Inglês pela Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia. Realizou pós-doutorado na Universidade Católica Portuguesa. É professora do Instituto de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da UFF.

Jocineia Andrade Ramos Araújo, Universidade Federal Fluminense (UFF) / Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense (UFF); mestra em Estudos de Linguagem pela mesma instituição; graduada em Letras - Português/Literaturas pela UFF. É professora substituta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e professora de Língua Portuguesa e Literatura na rede privada.

Priscilla Hoelz Pacheco, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutoranda em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense (UFF); mestra em Estudos de Linguagem pela mesma instituição; graduada em Comunicação Social - Jornalismo e em Letras - Português/Inglês pela UFF. É Técnica em Assuntos Educacionais na Superintendência de Relações Internacionais da UFF.

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Publicado

14-10-2020