JUNÇÃO E TRADIÇÃO DISCURSIVA NA ESCRITA INFANTIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v14i29.32138

Palavras-chave:

Escrita, Tradição discursiva, Mecanismos de junção

Resumo

Neste artigo, propõe-se uma abordagem descritivo-comparativa do funcionamento dos mecanismos de junção nas tradições discursivas (TDs) relato de experiência e carta de opinião, no modo escrito de enunciação. Com o objetivo de alcançar indícios que apontem a relação sintomática entre mecanismos de junção e TDs, o estudo fundamenta-se no modelo funcionalista de junção (RAIBLE, 2001), conjugado a uma base teórica que entende a escrita como constitutivamente heterogênea (CORRÊA, 2004) e a uma concepção de texto que considera as TDs que o constituem (KABATEK, 2006). Nesse quadro teórico-metodológico, a descrição da escrita infantil é pautada na consideração de aspectos linguísticos e discursivos, que permitem o reconhecimento, por meio do funcionamento dos MJs, de rastros do movimento do sujeito pelo que (re)conhece como fixo e lacunar do texto. Os resultados mostram que a textualização ocorre por meio dessa circulação do sujeito, em intrínseca associação àquilo que imagina ser a (sua) escrita, no processo de atualização da tradição. As especificidades da movimentação indiciada por esses rastros apontam, ao mesmo tempo, para o geral e o particular, a partir do que é fixo e lacunar nas tradições em que se inserem e lançam luz sobre a relação sintaxe-texto-discurso.

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Biografia do Autor

Lúcia Regiane Lopes-Damasio, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Doutora e mestra em Linguística pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP); graduada em Letras – Português/Italiano pela mesma instituição. É professora no Departamento de Estudos Linguísticos, Literários e da Educação, no Programa Nacional de Pós-Graduação em Letras e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UNESP.

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Publicado

30-12-2020