COMPORTAMENTO VARIACIONISTA DA EXPRESSÃO PRONOMINAL A GENTE EM TEXTOS ESCOLARES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v14i29.32229

Palavras-chave:

Variação linguística, A gente, Língua escrita, Escola

Resumo

Há um número crescente de estudos que têm investigado a variação linguística. Resultados atestam que os usos linguísticos são condicionados por restrições internas quanto por sociais. Objetivamos descrever e analisar o comportamento da expressão pronominal “a gente”, à luz da Teoria da Variação (LABOV, 1966; [1972] 2008) em textos escritos, produzidos por alunos de duas escolas da rede de ensino. O corpus é constituído por 91 textos (memórias literárias e crônicas) e está estratificado por sexo, nível de escolaridade, faixa etária, gênero textual/discursivo, tipo de escola e variáveis linguísticas. A metodologia seguiu os passos da técnica laboviana e para tratamento estatístico, após a extração das ocorrências e codificação, foi utilizado o Programa do Goldvarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). Os resultados demonstram que a expressão pronominal “a gente” é a segunda variante mais frequente e que seu uso está condicionado por fatores sociais (tipo de escola) e fatores linguísticos (posição do acento, tempo verbal, tipo de conjugação verbal e contexto fonológico seguinte). As variáveis selecionadas, por um lado, apontam os contextos mais frequentes de emersão de “a gente” e por outro que estamos diante de outra regra gramatical para indicar a 1ª pessoa do plural.

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Biografia do Autor

Josenildo Barbosa Freire, Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC-RN)

Doutor e mestre em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB); especialista em Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); graduado em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). É professor de Língua Portuguesa da rede pública de Educação Básica no Estado do Rio Grande do Norte.

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Publicado

30-12-2020