Questões metodológicas sobre a acomodação fonológica na música popular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v15i30.35140

Palavras-chave:

Fonoestilística, Sotaque, Música popular, Pronúncia

Resumo

Além de uma forma de transmitir significados de um falante para um ouvinte, a língua é também um meio pelo qual a idade, o gênero, a classe social, e a origem geográfica – enfim, a identidade – dos falantes se manifestam. Os falantes têm consciência disso e, ocasionalmente, manipulam seus marcadores linguísticos com fins estilísticos e retóricos. No campo da música popular, já se fala, há algumas décadas, sobre a mudança na pronúncia dos intérpretes, em uma tensão entre manifestação de identidade e acomodação a expectativas estilísticas e sociais, sendo o trabalho de Peter Trudgill (1983) um dos exemplos mais célebres. Neste artigo, argumentamos que qualquer estudo com intenção de explorar esse fenômeno deve tomar especial cuidado em relação às descrições dos dialetos linguísticos em questão, sob o risco de distorcer profundamente os resultados. Mostramos também como a análise da fala do intérprete, ao lado da análise da pronúncia na música, pode nos ajudar a chegar a interpretações menos óbvias dos dados colhidos. Para tanto, analisamos um corpus composto de canções de artistas que têm pouco em comum – a cantora brasileira Rita Lee e o grupo vocal britânico Spice Girls –­ bem como amostras de fala espontânea das intérpretes.

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Biografia do Autor

André Luiz Machado, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Estadual Paulista (UNESP); mestre em Linguística e Língua Portuguesa; bacharel e licenciado em Letras pela mesma instituição.

Gladis Massini-Cagliari, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Doutora e mestra em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); bacharela e licenciada em Letras pela mesma instituição. É professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Pesquisadora 1B do CNPq.

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Publicado

26-07-2021