Percepção sociolinguística da palatalização de /t/ e /d/ próximos a ditongo no Rio Grande do Norte

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v16i34.38332

Palavras-chave:

Sociolinguística, percepção, palatalização, ditongo, opacidade.

Resumo

Este trabalho objetiva delimitar a indexação social das formas alveolar e palatal dos fonemas /t, d/ no estado brasileiro do Rio Grande do Norte (RN), em ambiente átono contíguo a ditongo, no qual essas realizações estabelecem relação de variação (CRISTÓFARO-SILVA et al., 2012; ANANIAS; CUNHA, 2022). Partindo da perspectiva teórico-metodológica da sociolinguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 2008 [1972]), organizamos uma amostra com participação de 76 avaliadores com ensino superior, responsáveis por julgar estímulos sonoros em um questionário eletrônico de elicitação de atitudes hospedado na plataforma Google Forms. Reportamos a inspeção de respostas a escalas de 8 atributos, distribuídos nas categorias de competência, integridade pessoal, atratividade social e associação geográfica. Realizamos a análise via modelos de regressão logística ordinal de efeitos mistos, com uso do pacote ordinal (CHRISTENSEN, 2019), na plataforma R (R CORE TEAM, 2022). De modo geral, os resultados indicam atitudes mais positivas associadas à forma palatal em contexto regressivo, possivelmente motivadas pela opacidade da regra fonológica que dispara o processo. Em contexto de assimilação progressiva, por outro lado, a realização palatal é associada a atitudes mais negativas, sendo percebida como indexadora de indivíduos menos competentes, menos íntegros, menos atrativos socialmente e mais interioranos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANANIAS, T. C.; CUNHA, C. M. A palatalização dos segmentos /t/ e /d/ adjacentes a ditongo em registros de fala mossoroense. Revista de estudos da linguagem, Belo Horizonte, v. 30, n. 1, p. 11-52, 2022.

BISOL, L. Ditongos derivados. Delta, São Paulo, v. 10, n. especial, p. 123-140, 1994.

BOTASSINI, J. O. M. Crenças e atitudes linguísticas: um estudo dos róticos em coda silábica no norte do Paraná. 2013. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) –Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.

CALLOU, D. Variação e mudança no âmbito do consonantismo. In: MARTINS, M. A.; ABRAÇADO, J. Mapeamento sociolinguístico do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015. p. 39-64

CHRISTENSEN, R. H. B. Ordinal: regression models for ordinal data. 2019. Pacote R versão 2019.12-10. Disponível em: https://CRAN.R-project.org/package=ordinal.

CLASON, D.L.; DORMODY, T.J. Analyzing data measured by individual Likert-type items. Journal of Agricultural Education. v. 35, n. 4, p. 31-35, 1994.

CRISTÓFARO-SILVA, T.; BARBOZA, C.; GUIMARÃES, D.; NASCIMENTO, K. Revisitando a palatalização no português brasileiro. Revista de estudos da linguagem, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p. 59-89, jul. 2012.

FREITAG, R. M. K. Effects of the linguistics processing: palatals in brazilian portuguese and the sociolinguistic monitor. University of Pennsylvania Working Papers in Linguistics, v. 25, n. 2, p. 19-30, 2020.

GARCIA, G. D. Data visualization and analysis in second language research. New York: Routledge, 2021.

GARRETT, P. Attitudes to language. New York: Cambridge University Press, 2010.

KIPARSKY, P. Abstractness, opacity, and global rules. In: KOUTSOUDAS, A. The application and ordering of grammatical rules. The Hague: Mouton, 1976. p. 160-184

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 [1972].

LAMBERT, W. E.; HODGSON, R. C.; GARDNER, R. C.; FILLENBAUM, S. Evaluational reactions to spoken languages. Journal of abnormal and social psychology, v. 60, n. 1, p. 44-51, 1960.

LEVSHINA, N. How to do Linguistics with R: data exploration and statistical analysis. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2015.

OLIVEIRA, A. A.; OLIVEIRA, A. J. Variação diatópica e o processo de mudança na valorização social da palatalização progressiva em alagoas. Alfa, São Paulo, v. 65, 2021.

R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. Versão 4.0.4. Vienna, Austria: R Foundation for Statistical Computing, 2022. Disponível em: https://www.R-project.org/. Acesso em: 21 abr. 2022.

SANTOS, A. M. O. As “Africadas Baianas” em Sergipe e Alagoas: um estudo a partir dos dados do Projeto ALiB. 2012. Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.

SÓSTENES, G. S.; DE PAULA, A. S. A fala de telejornalistas de duas capitais nordestinas. Revista leitura, Maceió, v. 2, n. 59, p. 143-167, 2017.

VITÓRIO, E. G. S. L. A. Acessando o significado social da palatalização /t, d/. (Con)Textos Linguísticos, Vitória, v. 14, n. 29, p. 208-226, 2020.

WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006 [1968].

WICKHAM, H. et al. Welcome to the tidyverse. Journal of Open Source Software, v. 4, n. 43, p. 1-1686, 2019.

WICKHAM, H.; SEIDEL, D. Scales: scale functions for visualization. 2022. Pacote R versão 1.2.0. Disponível em: https://CRAN.R-project.org/package=scales.

Downloads

Publicado

30-11-2022