Panorama (crítico) do ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras no Instituto Federal do Amapá

o caso do Campus Avançado Oiapoque

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v17i38.42281

Palavras-chave:

políticas linguísticas, línguas estrangeiras, fronteira franco-brasileira, Instituto Federal, Oiapoque.

Resumo

Este artigo discute as implicações de uma política pública brasileira (Lei nº 13.415/2017) que vem atuando em desfavor de um ensino de línguas estrangeiras que considere as práticas e as necessidades linguísticas locais. Para isso, é apresentado o caso educativo do Campus Avançado Oiapoque, vinculado ao Instituto Federal do Amapá, localizado numa fronteira que utiliza o português e o francês como os principais idiomas oficiais. O campo teórico das políticas (públicas, educativas e linguísticas) foi utilizado para responder à seguinte questão: Qual o panorama (crítico) do ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras no Campus Avançado Oiapoque? A pesquisa qualitativa coletou as percepções sobre o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (inglês, espanhol e francês) pelos alunos de cursos técnicos (questionários) dessa unidade e de seus professores (entrevistas). Os resultados evidenciaram a associação dos idiomas a três níveis contextuais (internacional, nacional e local) pelos participantes, ressaltando ou não a sua valorização para ser ensinado e/ou aprendido na região. Com base neste caso particular, defende-se que as políticas públicas educativas brasileiras devem ponderar suas decisões político-linguísticas para além do contexto (inter)nacional, de forma a estabelecer dispositivos normativos que assegurem um ensino plurilíngue conjugado com as particularidades linguísticas locais oriundas de contato e/ou contextos de imigração.

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Biografia do Autor

Luiz Pedro Santiago Pereira, Secretaria de Estado da Educação do Amapá

Especialização em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas Estrangeiras em andamento na Universidade Federal do Amapá (Unifap). Possui Licenciatura em Letras (Português – Frances) pela Universidade do Estado do Amapá (UEAP). É pesquisador no Grupo de Pesquisa Interinstitucional da América Francófona (PIAF) e professor da Educação Básica vinculado à Secretaria de Estado da Educação do Amapá.

Marina Mello de Menezes Felix de Souza, Universidade Federal do Oeste da Bahia

Professora do Centro das Humanidades da Universidade Federal do Oeste da Bahia (CEHU/UFOB), vice-líder do Grupo de Pesquisa Interinstitucional da América Francófona (PIAF) e pesquisadora do Laboratório de Pesquisas em Contato Linguístico (LABPEC). Atualmente, é pós-doutoranda da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Fez Doutorado em Estudos de Linguagem, com estágio-sanduíche na Université de Rennes, e Mestrado em Linguística, com estágio na Université d'Aix-Marseille, ambos pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Mayara Priscila Reis da Costa, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá

Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap) e integrante do Núcleo Amapaense de Pesquisas em Línguas e Literaturas Estrangeiras (NAPLLE), Brasil. Doutoranda em Ciências da Educação no Instituto de Educação da Universidade do Minho (UMinho), Portugal.

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Publicado

28-12-2023