Léxico e imaginário social
análise das denominações atribuídas à prostituta no estado do Maranhão
DOI:
https://doi.org/10.47456/rctl.v18i39.43866Palavras-chave:
Léxico, Imaginário social, Prostituta, MaranhãoResumo
Este trabalho, em andamento, tem por objetivo analisar denominações atribuídas à prostituta e compreender como o léxico reflete o imaginário social coletivo e a ideologia de uma comunidade. A escolha desse tema se justifica pela relevância em entender como o léxico relacionado à prostituição carrega visões culturais e ideológicas, que estão arraigadas na nossa sociedade e são refletidas por meio de palavras e expressões. Nesse sentido, a pesquisa parte da hipótese de que as denominações dadas à prostituta são reflexos de visão dominante com relação à imagem e à sexualidade da mulher na sociedade. A variação lexical em relação à prostituta revela atitudes sociais e culturais diversificadas dentro da comunidade. Em se tratando dos procedimentos metodológicos, toma-se como base os dados obtidos pelo Projeto Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA), mais especificamente em se tratando da questão 139, do questionário semântico-lexical (QSL), Como se chama a mulher que se vende para qualquer homem?. A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos teóricos-metodológicos da Dialetologia, da Geossociolinguística, da Lexicologia e do Imaginário. A Dialetologia e a Geossociolinguística fornecem as ferramentas para mapear a variação lexical regional e social. A Lexicologia auxilia na análise do significado e uso dos termos, enquanto a teoria do Imaginário permite explorar como as representações culturais e sociais influenciam a linguagem. Os dados parciais coletados mostram a grande variação lexical em relação ao item lexical investigado, com o registro de 26 variantes e 126 ocorrências. Ao analisar as denominações meretriz, mundana e piriguete, pode-se perceber que essas denominações e o seu uso no léxico maranhense refletem a presença de uma ideologia que permeia o imaginário social do estado, em que a sexualidade da mulher em uma situação extramarital é reprovável. Desse modo, evidencia-se a relação intrínseca entre língua e sociedade, em que o léxico, nesse caso, reflete a visão de uma determinada comunidade.
Downloads
Referências
ALVES, J. E. D. A Linguagem e as representações da masculinidade. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2004.
AULETE, C. Novíssimo Aulete dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2011.
BIDERMAN, M. T. Teoria Linguística: Linguística Quantitativa e Computacional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CARDOSO, S. A. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.
COROA, M. L. Para que serve um dicionário? In: CARVALHO, O. L. S.; BAGNO, M. (org.). Dicionários Escolares: políticas, formas & usos. São Paulo: Parábola Editorial, 2011. p. 61-72.
FIGUEIREDO, C. Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo. Lisboa: Livraria Bertrand, 1947.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
KRIEGER, M. G. O dicionário de língua como potencial instrumento didático. In: ISQUERDO, A. N.; ALVES, I. M. (org.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. Vol. III. Campo Grande: EDUFMS, 2007. p. 295-309.
LAKOFF, R. Linguagem e lugar da mulher. In: FONTANA, B.; OSTERMANM, A. C. (org.). Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. p. 109-127.
LOPE BLANCH, J. M. Polimorfismo dialectal en el atlas lingüístico de México (ALMex). Estudios de Lingüística Aplicada, n. 15/16, p. 29-34, 1992.
MORAES, A. F. Gabriela Leite e mudanças nas práticas discursivas sobre prostituição no Brasil. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, n. 70, p. 254–279, 2020.
OLIVEIRA, A. M. P. P. de; ISQUERDO, A. N. Apresentação. In. OLIVEIRA, A. M. P. P.; ISQUERDO, A. N. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. Campo Grande: EDUFMS, 2001. p. 9-11.
ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 11. ed. Campinas: Pontes Editores, 2013.
ORLANDI, E. P. Discurso, imaginário social e conhecimento. Em Aberto, Brasília, ano 14, n. 61, p. 53-59, 1994.
PRADA, M. Putafeminista. São Paulo: Veneta, 2018.
RAZKY, A. A Dimensão Sociodialetal do Léxico no Projeto Atlas Linguístico do Brasil. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, n. 16/2, p. 247-270, 2013. DOI: https://doi.org/10.5433/2237-4876.2013v16n2p247.
SERRA, L. H.; SILVEIRA, T. S. A profissional do sexo no léxico do português falado na amazônia legal: discutindo imagens femininas na sociedade. EntreLetras, [S. l.], v. 15, n. 1, p. 8–29, 2024. Disponível em: https://periodicos.ufnt.edu.br/index.php/entreletras/article/view/18139. Acesso em: 18 jul. 2024.
SILVA, M. S. A prostituição feminina: um percurso e algumas reflexões. Revista Terceiro Milênio, Campos dos Goytacazes, v. 01, n. 01, p. 109 - 121, 2014. Disponível em: https://revistaterceiromilenio.uenf.br/index.php/rtm/article/view/74. Acesso em: 15 jul. 2024.
SANTOS, F. G. V.; SOARES, S. S. F. A Pomba-Gira no imaginário das prostitutas. Revista Homem, Espaço e Tempo, [S. l.], v. 1, n. 1, 2018. Disponível em: http://rhet.uvanet.br/index.php/rhet/article/view/22. Acesso em: 13 jul. 2024.
ZAVAGLIA, C. Sexismo em dicionários brasileiros. In: MOREIRA, G. L.; COSTA, L. A. C; ALVES, I. M. (org.). Pesquisas em Lexicologia, Lexicografia e Terminologia. Campinas: Pontes Editores, 2022. p. 127-150.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista (Con)Textos Linguísticos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores cedem os direitos autorais do artigo à editora da Revista (Con)Textos Linguísticos (Programa de Pós-Graduação em Linguística da Ufes), caso a submissão seja aceita para publicação. A responsabilidade do conteúdo dos artigos é exclusiva de seus autores. É proibida a submissão integral ou parcial do texto já publicado na revista a qualquer outro periódico.
Esta obra está sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.