Análise funcional dos usos de LONGE DE em língua portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/rctl.v18i40.45215

Palavras-chave:

Linguística Funcional Centrada no Uso, Microconstrução conectora, Hipotaxe, Exclusão, Longe de

Resumo

Com base nos princípios da Linguística Funcional Centrada no Uso (Furtado da Cunha, Bispo e Silva, 2013; Rosário, 2015; 2022b; 2023; Rosário e Oliveira, 2016), o objetivo deste artigo é descrever e analisar três diferentes usos de longe de, em perspectiva sincrônica, a partir de dados da modalidade escrita da língua portuguesa. Para isso, realizamos uma análise quantitativa e qualitativa do fenômeno, com um foco maior na análise qualitativa. Os dados foram extraídos do Corpus do Português, disponível em http://www.corpusdoportugues.org/xp.asp. As análises realizadas levaram-nos à confirmação da hipótese de que há três padrões de uso de longe de na atual sincronia do português: padrão 1 (valor preposicional), padrão 2 (valor predicativo) e padrão 3 (valor conectivo). No padrão 1, [longe de]prep serve para ligar sintagmas no nível suboracional. No padrão 2, [longe + de]pred integra um sintagma cuja função é análoga à de um predicativo. Por fim, no padrão 3, que é o foco principal desta pesquisa, [longe de]conect comporta-se como uma microconstrução com a função de conectar orações hipotáticas não finitas, veiculando a noção semântica de exclusão.

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Biografia do Autor

Ivo Costa Rosário, Universidade Federal Fluminense (UFF)

É graduado em Letras (Português, Inglês e respectivas literaturas) pela Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ) e graduado em Pedagogia, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Tem especialização em Docência do Ensino Fundamental e Médio (FEITA-Itaboraí), especialização em Língua Portuguesa (FFP-UERJ), especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (LANTE-UFF) e especialização em Linguagens, suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho (UFPI). É mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É doutor em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em Letras Vernáculas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Concluiu pós-doutorado em Estudos de Linguagem (UFRN). Atualmente é professor associado de língua portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas. É o atual coordenador do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem da UFF (2022-2025), docente permanente e orientador no mestrado e doutorado. Foi coordenador do GT Descrição do Português, da ANPOLL (Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Letras e Literatura), no biênio 2019-2021. É líder do CCO (Grupo de Pesquisa Conectivos e Conexão de Orações) e membro do grupo D G (Grupo de Estudos Discurso e Gramática), ambos na UFF. É avaliador do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), ligado ao INEP. É perito judicial cadastrado no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, nas áreas de Língua Portuguesa e Educação. É Jovem Cientista do Nosso Estado, pela FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (vigência 2019-2023). É membro da comissão científica da área de Sintaxe da ABRALIN - Associação Brasileira de Linguística. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, nível 2. Atua principalmente nas seguintes áreas: funcionalismo, construcionalização, mudanças construcionais, morfossintaxe, conexão de cláusulas e conectivos.

Gláucia Santos Nogueira, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutoranda em Estudos de Linguagem pelo Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui mestrado em Estudos de Linguagem e graduação em Letras- Português/Italiano pela mesma Universidade. Atualmente é professora de Língua Portuguesa na rede pública municipal de ensino e integra o Grupo de Estudos Discurso & Gramática (D&G-UFF), que tem como foco desenvolver pesquisas dos fenômenos relativos à continuidade, à variabilidade e à mudança morfossintática na língua portuguesa.

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Publicado

22-12-2024