Pathos e ethos na mídia de opinião sobre sexualização de atletas olímpicas
DOI:
https://doi.org/10.47456/rctl.v19i43.48516Palavras-chave:
Dialogismo, Retórica, Sexualização, Atletas olímpicas, Artigo de opiniãoResumo
Neste estudo, investigamos um artigo de opinião publicado no portal UOL sobre a manifestação das ginastas alemãs contra a erotização nos uniformes nas Olimpíadas de Tóquio, com as ferramentas metodológicas da análise dialógica do discurso e da análise retórica para entender o tema da sexualização de atletas na mídia. O posicionamento das ginastas foi marcante na história do evento esportivo porque se somou às vozes de outros atletas que defenderam o direito de se expor politicamente frente ao Comitê Olímpico Internacional, conforme estudos de Backes (2023) e Fornari (2022). Esse movimento resultou na alteração da Carta Olímpica, que proibia qualquer tipo de protesto nos pódios e demais áreas oficiais. O artigo se inicia com uma breve retrospectiva de manifestações políticas em Olimpíadas e nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Em seguida, sintetizamos os artigos científicos que analisaram a sexualização de atletas na mídia. Por fim, analisamos o artigo de opinião sobre a manifestação contra a sexualização em Tóquio 2020 com apoio da visão dialógica para os conceitos retóricos de ethos e de pathos. Nas considerações finais, discorremos sobre a percepção da sexualização pelo jornalismo opinativo.
Downloads
Referências
AMOSSY, R. Enunciação e ethos na semântica pragmática de Ducrot. In: AMOSSY, R. Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2016. p. 14-15.
ANDRADE, E. México 1968: o massacre de Tlatecolco e a Universidade Latino-Americana. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, n. 0, 1981.
ARISTÓTELES. Retórica das Paixões. Trad. Isis Borges B. da Fonseca. Prefácio de Michel Meyer. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ARISTÓTELES. Retórica. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2017.
BACKES, J. Mídia e os protestos contra a sexualização nas Olimpíadas 2020. Fiep Bulletin online. São Paulo. v. 93, n. 1, p. 778-786, 2023.
BATAILLE, G. O erotismo. Tradução de Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora,1957 [2014], p. 168.
BAKHTIN, M. O problema do texto na linguística, na filologia e em outras ciências humanas. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2010b [1959-61]. p. 307-336.
BERTUSSI, G.; NETO, E. Do que é feito um país campeão: análise empírica de determinantes para o sucesso olímpico. Nova economia, Revista do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, n. 25, 2015.
BRAIT, B. Bakhtin e a natureza constitutivamente dialógica da linguagem. In: BRAIT, B. (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. 2. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2005. p. 87-98.
BUTLER, J. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, G. L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 153-172.
CAMPBELL, K.; HUXMAN, S.; BURKHOLDER, T. Atos de retórica. São Paulo: Cengage Learning, 2022.
CAPINUSSU, J. M. A política nos jogos olímpicos. Revista de Educação Física. Rio de Janeiro, n. 136, p. 58-64, 2007.
CHARAUDEAU, P. Pathos e discurso político. São Paulo: Contexto, 2010.
FERREIRA, L. A. Inteligência retórica e vocalidade: constituição e manutenção do ethos, In: FERREIRA, L. A. (org.). Inteligência retórica: o ethos. São Paulo: Blucher, 2019. p. 9-18.
FERREIRA, L. A. Sobre o prazer e a dor de ser: efeitos patéticos no discurso epidítico. In: FERREIRA, L. A. (org.). Inteligência retórica: o pathos. São Paulo: Blucher, 2020. p. 103-119.
FIGUEIREDO, M. F.; SANTOS JUNIOR, V. Uma incursão ao pathos: o método aristotélico e descrição das paixões. In: FERREIRA, L. A. (org.). Inteligência retórica: o pathos. São Paulo: Blucher, 2020. p. 65-88.
FORNARI, L. et al. Mulheres atletas nas Olimpíadas de Tóquio 2020: olhares da imprensa escrita brasileira. Comunicação & Inovação, v. 25, n. 53, p. 109-126, 2022.
GOELLNER, S. Jogos olímpicos: a generificação de corpos dissonantes. Revista USP, São Paulo, n. 108, p. 29-38, 2016.
GREGOLIN, M.R. Análise do discurso e mídia: a (re)produção de identidades. Comunicação e Mídia. São Paulo: ESPM, 2007.
GUTIERREZ, F. Protesto nas Olimpíadas: Jogos de Tóquio devem ter manifestações políticas. G1. jul 2021.
HARDY, E. The female ‘apologetic’ behaviour within Canadian women's rugby: athlete perceptions and media influence. Sports in society, 2015, v. 18, p.155-167.
KULLER, A. Por que as campeãs olímpicas do vôlei de praia não usam biquíni. Terra, 10 ago. 2024.
MAGALHÃES, A. L. Pathos: uma compreensão dos paralelismos e das interseções.In: FERREIRA, L. A. (org.). Inteligência retórica: o pathos. São Paulo: Blucher, 2020. p. 7-29.
MAIA, G.; FERNANDES, C. História, memória e atualidade: ecos sobre o corpo da mulher no esporte. Revista Línguas e Letras, v. 24.p. 211-232, 2023.
PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTEKA, L. Tratado de argumentação: a nova retórica. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
SANTOS, D.; CAETANO, C. Manifestações políticas de atletas no palco dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020: cidadania vs mitologização. Fórum de Estudos Olímpicos e III Simpósio Latino-Americano Pierre De Coubertin, out. 2021, p 85. Anais […] Porto Alegre: PUC-RS, 2021.
SANTOS, T.; MATTOS, G.; LOPES, F.; MARCELO, M. Gênero feminino, corpo e sexualidade no esporte: os uniformes das atletas nas Olímpiadas de Tóquio. Mídia e Cotidiano, v. 18, n. 1, jan.-abr. 2024.
SPORTSM. Do recato à erotização de corpos femininos. SportsM, out. 2024. Disponível em: https://www.sportsm.com.br/post/do-recato-%C3%A0-erotiza%C3%A7%C3%A3o-superexposi%C3%A7%C3%A3o-de-corpos-femininos-continua-a-ser-motivo-de-pol%C3%AAmica. Acesso em: 28 nov. 2025.
TRINGALI, Dante. A Retórica Antiga e as Outras Retóricas: a retórica como crítica literária. São Paulo: Musa, 2014
UOL. COI abre espaço para ativismo social e político de atletas. 20 jul 2021 Disponível em: https://www.uol.com.br/esporte/olimpiadas/ultimas-noticias/afp/2021/07/20/coi-abre-espaco-para-ativismo-social-e-politico-dos-atletas.htm. Acesso em: 28 nov. 2025.
URZAIZ. B. Sexualização ou empoderamento? A patrulha de como as atletas se vestem volta aos Jogos Olímpicos. El país. 25 jul. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/esportes/jogos-olimpicos/2021-07-25/a-desculpa-feminina-nos-jogos-olimpicos. Acesso em: 28 nov. 2025.
VECCHIOLI, D. Contra sexualização, ginastas quebram tabu. UOL, 22 jul 2021 Disponível em: https://www.uol.com.br/esporte/olimpiadas/ultimas-noticias/2021/07/22/contra-sexualiza. Acesso em: 28 nov. 2025.
VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Trad. notas e glossário Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.
WUGHALTER, E. Rufles and flounces: the apologetic in women´s sports. Frontiers: A Journal of Women Studies, v. 3, n. 1,p. 11-13, 1978.
XAVIER, G. Tóquio ampliou o debate político nas Olimpíadas. Carta Capital, 2 ago. 2021. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/toquio-ampliou-o-debate-politico. Acesso em: 28 nov. 2025.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista (Con)Textos Linguísticos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores cedem os direitos autorais do artigo à editora da Revista (Con)Textos Linguísticos (Programa de Pós-Graduação em Linguística da Ufes), caso a submissão seja aceita para publicação. A responsabilidade do conteúdo dos artigos é exclusiva de seus autores. É proibida a submissão integral ou parcial do texto já publicado na revista a qualquer outro periódico.
Esta obra está sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
