Desafios do ensino de biologia na Licenciatura em Educação do Campo

Resumo

Atuo como educadora em um curso de Licenciatura em Educação do Campo (Ledoc), que objetiva formar, sobretudo, educadoras e educadores para atuarem nas escolas básicas do campo. Leciono disciplinas voltadas à biologia e ensino de biologia. O ensino de ciências da natureza, historicamente, é neutro, acrítico e descontextualizado, pautado na lógica capitalista de ensino. A educação positivista e tradicionalista é um debate antigo e recorrente no campo da pesquisa em educação sendo contraposta, na prática, pela educação realizada no âmbito das escolas básicas do campo. Hoje, a educação emancipadora entra também na universidade através das Ledocs, configurando-se um desafio aos docentes do ensino superior, egressos dos cursos de formação inicial orientados pela educação hegemônica capitalista, positivista e fragmentada. Assim, a atuação nas Ledocs pressupõe a superação de questões que partem da problematização da concepção de educação, perpassam pela superação das limitações da formação inicial dos docentes, e culminam na implementação de uma prática docente libertadora. Neste sentido, este trabalho apresenta um relato de experiência que aponta o percurso de uma educadora na elaboração e desenvolvimento de uma disciplina chamada Introdução a biologia celular, presente na matriz curricular de uma Ledoc. A disciplina é lecionada em semestres ímpares, desde 2017, e após cada finalização da disciplina é realizada a avaliação da mesma junto às/aos educandas/os. A partir dos resultados das avaliações a disciplina é modificada e aprimorada continuamente. Este processo de aprimoramento foi marcado pela ruptura com estratégias de ensino tradicionalistas e positivistas, permitindo a mudança de percepção das/os estudantes sobre a importância da disciplina e relação de seu conteúdo com a realidade campesina. Considerando que somos seres inacabados, essa experiência de ensino segue em andamento.