Escola, um lugar de fala sobre o capacitismo
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v27isupl_2.48413Palavras-chave:
Capacitismo, Discriminação, Preconceito, Inclusão socialResumo
Introdução: Diante do avanço das discussões científicas e da crescente incorporação do conceito de capacitismo nas produções acadêmicas, surgiu o seguinte questionamento: em quais contextos o termo "capacitismo" é empregado nos espaços escolares? Objetivo: Identificar como o conceito de capacitismo é descrito e utilizado na literatura científica. Métodos: Foi realizada uma busca sistemática em quatro bases de dados — Periódicos CAPES, PePsic, BVS-Psi e SciELO — utilizando o descritor "capacitismo". Os critérios de inclusão adotados foram: artigos científicos de autoria nacional, disponibilizados online e publicados entre os anos de 2021 e 2024. A partir da seleção dos materiais, desenvolveu-se uma revisão de literatura com foco na identificação das abordagens e interpretações do capacitismo no ambiente escolar. Resultados: Os resultados analisados evidenciam reflexões significativas sobre as múltiplas formas de manifestação do capacitismo nas instituições de ensino, tanto de maneira sutil quanto explícita. Observa-se que, além das atitudes abertamente discriminatórias, o capacitismo também se expressa por meio de gestos e práticas que, embora revestidos de aparente benevolência, perpetuam estigmas e preconceitos em relação às pessoas com deficiência. Conclusão: Conclui-se, portanto, que este estudo pode servir como um alerta e, sobretudo, como uma fonte de informação e conscientização para a sociedade. Ao observar o cotidiano escolar, é possível identificar diversas facetas de uma cultura capacitista que valoriza os indivíduos com base exclusivamente em suas capacidades físicas ou mentais, ignorando a diversidade e a complexidade da experiência humana. Assim, espera-se contribuir para a construção de espaços educacionais mais inclusivos, equitativos e respeitosos à diferença.
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