Diálogos entre a luta pela terra e a saúde mental dos trabalhadores rurais do Movimento Sem Terra (MST)
revisão narrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v27isupl_1.48247Palavras-chave:
Saúde mental, População rural, Trabalhadores rurais, Educação em saúde, PsicologiaResumo
Introdução: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) constitui a maior organização social no Brasil dedicada à luta pela reforma agrária e pela redistribuição de terras, enfrentando desafios significativos relacionados à (in)justiça social. As condições adversas enfrentadas provocam sérios impactos sobre a saúde mental, resultando em um contexto de sofrimento psíquico que demanda análise cuidadosa. Objetivo: Esta revisão narrativa de literatura tem como objetivo identificar e analisar o desenvolvimento de práticas de promoção da saúde mental junto aos trabalhadores rurais sem-terra, evidenciando como essas ações atendem às suas necessidades e fortalecem a luta por seus direitos. Métodos: A busca foi realizada nas bases de dados LILACS e MEDLINE, no período de 2004 a 2024. Após análise, foram encontrados três artigos que atenderam aos critérios de inclusão. Resultados: A partir da leitura integral dos artigos, foram criadas duas categorias de análise agrupadas por similaridade de conteúdo: (1) os impactos da (in)justiça social na saúde mental dos trabalhadores rurais do MST e (2) a educação popular em saúde como estratégia fértil de promoção da saúde mental. Conclusão: A luta contínua pela terra e a exposição permanente a situações de violência, aliadas à desqualificação do movimento e à estigmatização que marginaliza e desumaniza os trabalhadores rurais do MST, produzem um cenário social propício a formas intensas de sofrimento psíquico. Nesse contexto, estratégias de intervenção coletiva, como as ações de Educação Popular em Saúde, revelam-se fundamentais para o enfrentamento da injustiça social e a promoção da saúde mental.
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