“Como Paris Hilton diria: Sou periférica sim”

performance drag e o sistema moderno-colonial de gênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v16i35.39305

Palavras-chave:

Performance Drag; Sistema Moderno-Colonial de Gênero; Análise Discursiva;

Resumo

O presente artigo propõe traçar entendimentos sobre questões de colonialidade e decolonialidade (SANTOS, 2010), refletindo sobre a performance drag e sua relação com o sistema moderno-colonial de gênero (LUGONES, 2020) que caracteriza o pensamento moderno ocidental abissal. Embasado na perspectiva da Linguística Aplicada Indisciplinar e Transgressiva (PENNYCOOK, 2006), assumindo, em seu interior, um compromisso com Epistemologias do Sul (SANTOS, 2018), este artigo pretende refletir em que medida as performances drag configuram-se ou qualificam-se como ações de resistência a colonialidades, ou em que medida elas reforçam padrões e normas do próprio sistema colonial de gênero do qual são opositoras. Com efeito, considera-se o contexto de superdiversidade (VERTOVEC, 2007), simultaneamente local e universal, bem como perspectivas de linguagem que entendem a importância de reconhecer e validar os conhecimentos produzidos por pessoas que têm sofrido, sistematicamente, opressão, exclusão, dominação e injustiças causadas pelo eurocentrismo, pensamento abissal e patriarcado. Para tanto, serão analisadas narrativas de textos retirados do Instagram de uma drag queen de Juiz de Fora (MG). Por fim, chega-se a compreensões temporárias, que apontam para uma concepção de que o fazer decolonial é um constante processo de desamarras de crenças instituídas nos corpos, que, por meio de atos performativos, potencializam resistências a sistemas de poderes e a categorias sociais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ludmila Mendes Ferreira, Universidade Federal de Juiz de Fora

Graduada em Letras, Licenciatura em Português e suas Respectivas Literaturas, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com ênfase em Linguística Aplicada, Translinguagem e Estudos sobre Gênero e Sexualidade.

Ana Cláudia Peters Salgado, Universidade Federal de Juiz de Fora

Graduada em Letras - Inglês pela Universidade de São Paulo (1993), Mestre em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2004) e Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2008). Foi professora associada da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), atuando no ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão, principalmente nos seguintes temas: sociolinguística, contatos linguísticos, bilinguismo, educação bilíngue, ensino de línguas e formação de professor com vistas à formação de leitores críticos e justiça social. Foi pró-reitora da graduação da UFJF e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Linguística da mesma instituição.

Referências

ALMEIDA, P. H. A Questão do Gênero: performance, drag queens e os indícios da subversão possível. Brasil: Publicação Independente, 2019.

BAMBERG, M.; GEORGAKOPOULOU, A. Small stories as a new perspective in narrative and identity analysis. 2008.

BORBA, R. A Linguagem Importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cadernos Pagu, p. 441-474, 2014.

BUTLER, J. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão de Identidade. 15. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

BUSCH, B. Expanding the notion of the linguistic repertoire: On the concept of Spracherleben—The lived experience of language. Applied Linguistics, v. 38, n. 3, p. 340-358, 2015.

DE FINA, A.; JOHNSTONE, B. Discourse analysis and narrative. In: HAMILTON, Heidi E.; TANNEN, Deborah; SCHIFFRIN, Deborah. The handbook of discourse analysis. John Wiley & Sons, v. 1, p. 152-167, 2015.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Ed.). The Sage handbook of qualitative research. 5. ed. SAGE Publication, Inc, 2018.

DOVCHIN, S., PENNYCOOK, A.; SULTANA S. Popular Culture, Voice and Linguistic Diversity: Young Adults On- and Offline. NSW, Australia: Palgrave Mcmillian, 2018.

GADELHA, J. J. B. Masculinos em Mutação: a performance drag queen em Fortaleza. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, 2009.

KUMARAVADIVELU, B. A Linguística Aplicada na era da Globalização. In: MOITA LOPES, L.P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. cap. 5, p. 129-147.

LUGONES, M. Colonialidade e gênero. In: DE HOLLANDA, Heloisa Buarque (org.). Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. 1. ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020. cap. 2, p. 58-94.

MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. Desinventando e (re)constituindo línguas. In: Working Papers em Linguística, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 9-34, dez. 2015.

MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. In: Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, n. 34, p. 287-324, 2008.

MOITA LOPES, L. P.; FABRÍCIO, B. Desestabilizações Queer na sala de aula: “táticas de guerrilha” e a compreensão da natureza performativa dos gêneros e das sexualidades. In: PINTO, J.; FABRÍCIO, B. (org.). Exclusão social e microrresistências: a centralidade das práticas discursivo-identitárias. São Paulo: Cânone, 2013. p. 283-301.

OTHEGUY, R.; GARCÍA, O.; REID, W. Clarifying translanguaging and deconstructing named languages: A perspective from linguistics. Applied Linguistics Review, v. 6, n. 3, p. 281-307, 2015.

PENNYCOOK, A. Uma Linguística Aplicada Transgressiva. In: MOITA LOPES, L.P (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. cap. 2, p. 67-83.

QUIJANO, A. Colonialidade do Poder e Classificação Social. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M.P. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez Editora, 2010. cap. 2, p. 73-117.

RAMPTON, B. Continuidade e mudança nas visões de sociedade em Linguística Aplicada. In: MOITA LOPES, L.P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. cap. 4, p. 109-128.

RAMPTON, B.; MAYBIN, J.; ROBERTS, C. Methodological foundations in linguistic ethnography. Working Papers in Urban Language and Literacies, [S. l.], n. 125, p. 2-25, 2 fev. 2014.

SANTOS, B. Por que epistemologias do Sul? In: SANTOS, B. de S. Na oficina do sociólogo artesão: aulas 2011-2016. São Paulo: Cortez Editora, 2018.

SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. Epistemologias do sul. In: Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez Editora. 2010. p. 637-637.

VERTOVEC, S. Super-diversity and its implications. In: Ethnic and Racial Studies, 30:6, 2007.

WORTHAM, S.; REYES, A. Discourse Analysis Beyond the speech Event. New York: Routledge, 2015.

Downloads

Publicado

29-12-2022