Literatura de Franz Kafka e seus contos não formais
categorias de aprendizagem sobre a História
Palavras-chave:
História literária, Franz Kafka, educação, crítica-formativaResumo
O presente artigo objetiva analisar a relevância da literatura de Franz Kafka (1883-1924) na composição dos processos históricos da sociedade em seu tempo de mundo, na especificidade de sua linguagem e representações simbólicas. Seria possível uma educação histórica a partir da Literatura? Longe de serem meras categorias ficcionais, cria-se a hipótese-condição que os contos kafkianos são potentes críticas da sociedade capitalista no período da I Guerra Mundial (1914-1918), os quais compõem narrativas historiográficas fora dos quadros oficiais da História; críticas que podem estar atualizadas para o nosso tempo de mundo e para formação humana. Para tal objetivo, adota-se os referenciais teóricos dos historiadores Sandra Jatahy Pesavento (2012) e Nicolau Sevcenko (1999) para o diálogo Literário-histórico a partir da interdisciplinaridade metodológica inaugurada pela Escola dos Annales[1] (1929). Para o embasamento crítico-literário da História têm-se as análises de Michel Löwy (2005). Assim, quando problematiza-se a História pelo viés literário – o método usado – pode-se encontrar nos romances kafkianos um grande acervo de documentos não oficiais como vozes que se estruturam e contam a História do mundo e sociedade de outro ângulo que não seja a História tradicional, linear e positivista.
[1] A Escola dos Annales foi um movimento historiográfico surgido na França, a partir de 1929, a qual questionava a História baseada apenas em documentos oficiais, instituições e elites; essa dava muita relevância a fatos e datas, de uma forma positivista, sem aprofundar grandes análises de estrutura e conjuntura. A História deixou de ser a Ciência do passado para ser a História dos homens e suas relações sociais pela interdisciplinaridade.
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