Oralitura, Danças Dramáticas e Pedagogias da Multiculturalidade

Teorias de Pio Zirimu e Mário de Andrade

Autores

  • Elizabete da Conceição Vieira UNILA
  • Marcelo Marinho Universidade Federal da Integração Latino-Americana

DOI:

https://doi.org/10.47456/and12w44

Palavras-chave:

Oralitura; Danças dramáticas; Comunidades acústicas; Piu Zirimu; Mário de Andrade.

Resumo

Pio Zirimu é o linguista ugandense que, na década de 1960, concebeu o conceito de “oratura” e alguns de seus fundamentos constitutivos; por viés confluente, “Danças dramáticas do Brasil” é o título de um ensaio de Mário de Andrade, publicado originalmente em 1944. O presente estudo destina-se a refletir sobre a convergência entre ambas categorias críticas, na perspectiva de que o escritor brasileiro antecipa, em suas abrangentes análises, muitas das características distintivas desse construto poético e aparato teórico que, sob os nomes de “oralitura” ou “oratura”, encontra-se sob acelerada constituição e ampla disputa, nos dias de hoje. Na perspectiva de estratégias formativo-pedagógicas de viés multicultural, as categorias conceituais acima mencionadas abrem espaço para abordagens inclusivas de manifestações culturais e linguagens estéticas de cunho popular, pluralizando a inclusão, nos currículos escolares, de visões de mundo marcados por ancestralidades e memórias coletivas próprias a segmentos populacionais subalternizados e ninguneados no conflituoso território da América Latina.

Biografia do Autor

  • Marcelo Marinho, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

    Doutor em Literatura Geral e Comparada pela Sorbonne-Nouvelle (Université de Paris III). Professor do Programa de Mestrado em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5486346664187819.

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Publicado

26-12-2025