Histórias de autoidentificação do quilombo Luizes: tensões, disputas e contradições

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2020.9.3.34722.147-167

Palavras-chave:

Quilombolas, História, Memória, Discurso, Autoidentificação

Resumo

O objetivo desse estudo é analisar a construção da história de autoidentificação da comunidade Luizes a partir da memória de seus membros. O estudo foi feito por meio das narrativas anciãs do Quilombo Luizes em entrevistas não estruturadas. As histórias e memórias evidenciaram alguns achados dentre os quais: i) o discurso de autoidentificação da Comunidade Luizes é marcado por reconhecimento positivo do termo, mas não por todas as pessoas da comunidade, o que indica que a homogeneidade não é condição para a existência de uma organização; ii) a autoidentificação quilombola é um discurso atravessado por outros diversos, que exercem tensões e disputas em torno do significado; iii) as contradições observadas não dizem respeito a incoerência de seus membros, antes, porém, estão ligadas a uma sociedade constituída no racismo estrutural que levou a invisibilização de histórias e apagamento de humanidades.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elisângela de Jesus Furtado da Silva, UFJF/UFMG

Professora Substituta na Faculdade de Administração e Ciências Contábeis pela UFJF. Doutoranda em Administração pela UFMG. Bolsista FAPEMIG. Mestre em Administração pela UFMG. Especialista em Gestão Estratégica de RH Pela UFMG. Graduada em Administração pela PUC Minas.

Referências

Baldi, C. A. (2009). Revisitando o Instituto da Desapropriação (cap. 12, pp. 274-315). Minas Gerais: Editora Fórum.

Bayma, F. (2012) Reflexões sobre a Constitucionalidade das Cotas Raciais em Universidades Públicas no Brasil: referências internacionais e os desafios pós julgamento das cotas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 20(75), 325-346.

Benke, G.; Wodak, R. (2003). The discursive construction of individual memories: how Austrian “Wehrmacht” soldiers remember WWII. In: Martin, J. R.; Wodak, R. (Ed.). Re/reading the past: critical and functional perspectives on time and value. Amsterdam: John Benjamins, p. 195- 216.

Boyer, V. (2015). Misnaming Social Conflict: ‘Identity’, Land and Family Histories in a Quilombola Community in the Brazilian Amazon. J. Lat. Amer. Stud.,46 (3), 527-555.

Bosi, E. (2016). Memória e Sociedade: lembranças de velhos (19 ed). São Paulo: Companhia das Letras.

Brasil. Ministério Público Federal. Procuradoria-Geral da República em Rondônia. (10 fev. 2010). MPF quer impedir genocídio de comunidade quilombola em Rondônia. Notícias. Recuperado em 16 mai. 2019 de https://mpf.jusbrasil.com.br/noticias/2083074/mpf-ro-quer-impedir-genocidio-de-comunidade-quilombola-no-estado

Brasil. (nov. 2003). Decreto No 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. Diário Oficial da União, Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm

Brasil, R. L. (2018). Os “Remanescentes das Comunidades De Quilombos”: Ressemantização e Esvaziamento Jurídico da Categoria. Revista Ambivalências, 5 (10) p. 262-281.

Fiabani, A. (2008). Os novos quilombos: luta pela terra e afirmação étnica no Brasil [1988-2008]. (Tese de doutorado) Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo - RS, Brasil. Disponível em http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/2177;

Foucault, M. (1984). A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola.

Foucault, M. (1996). A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola.

Halbwachs, M. (2006). A memória coletiva. São Paulo: Editora Centauro.

Hall, S. (2001). Que negro é esse na cultura popular negra. Revista Lugar Comum, (13-14) 147-159.

Kilomba, G. (2016). The Mask. In: Kilomba, G. Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. Münster: Unrast.

Le Goff, J. (1990). História e Memória. Campinas: Editora Unicamp.

Linstead, S. (1999). An introduction to the textuality of organizations. Studies in Cultures, Organizations and Societies, 5(1), 1-10. https://doi.org/10.1080/10245289908523518

Maingueneau, D. (2008) Discurso e Análise do discurso. In: Signorini, Inês. [Re] discutir texto, gênero e discurso. São Paulo: Parábola.

Miranda, S. A. (2017). Educação e quilombos: dinâmicas e impasses na pesquisa. 10 p. Notas de Aula. Processo histórico de apagamento de humanidade, 18-21 jul. 2017.

Moura, C. (1987). Quilombos: Resistência ao escravismo (3 ed). São Paulo: Ática.

Munanga, K. (2003, nov.). Uma abordagem Conceitual das Noções de Raça, Racismo, Identidade e Etnia. In: 3º Seminário Nacional Relações Raciais e Educação-PENESB-RJ. Rio de Janeiro, RJ.

Nascimento, B. (2007). A Terra é meu quilombo. IN: Ratts, A. Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza.

Pollak, M. (1989). Memória, esquecimento, silêncio. (D. R. Flaksman, trad.) Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, 2(3), 3-15.

Ratts, A. (2007). Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza.

Rodrigues, N. (1939). As coletividades anormais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Saraiva, L. A. S. (2007). Métodos narrativos de pesquisa: uma aproximação. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, 5 (2).

Schmitt, A., Turatti, M. C. M. & Carvalho, M. C. P. D. (2002). A atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & sociedade, (10), 129–136. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-753X2002000100008.

Silva, E. J. F. (2019). Entre vivências e lembranças de uma Comunidade Quilombola: história, memória e discurso. (Dissertação de Mestrado) Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. Disponível em http://hdl.handle.net/1843/30848

Trajano Filho, W. 1993). Rumores: uma narrativa da nação. Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Antropologia: Brasília.

Thompson, P. (1992). A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Welle, D. (2018). Como o Brasil alimenta a desigualdade? #Carta, Carta Capital, 29, ago. 2018. Recuperado em 02, nov. 2018 de https://www.cartacapital.com.br/sociedade/como-o-brasil-alimenta-a-desigualdade

Wodak, R. (2001a). The discourse-historical approach. In: Wodak. R. & Meyer, M. (Ed.). Methods of critical discourse analysis. (p. 63-94) London: Sage.

Wodak, R. (2001b). What CDA is about – a summary of its history, important concepts and its developments. In: Wodak. R. & Meyer, M. (Ed.). Methods of critical discourse analysis. (p.1-13) London: Sage.

Wodak, R. & Weiss, G. (2005). Analyzing European Union discourses: theories and applications. In: Wodak. R. & Chilton, P. (Ed.). A new agenda in (critical) discourse analysis. (p. 121-135) Amsterdam: John Benjamins.

Zumthor, P. (ago. 1985). A permanência da voz. El Correo de la UNESCO: una ventana abierta sobre el mundo, 38(8) 4-8, Recuperado de https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000065514_spa

Downloads

Publicado

22-04-2021

Como Citar

Silva, E. de J. F. da. (2021). Histórias de autoidentificação do quilombo Luizes: tensões, disputas e contradições. Revista Gestão & Conexões, 9(3), 147–167. https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2020.9.3.34722.147-167

Edição

Seção

Artigos