Neoliberalismo “à brasileira”: “quem tem tudo menos cor, onde cor importa demais”
DOI:
https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2022.11.1.37136.125-142Palavras-chave:
Neoliberalismo; Raça; Gênero; Colonialidade; Interseccionalidade.Resumo
Esse ensaio teórico buscou refletir sobre o neoliberalismo contemporâneo. A partir da história do Brasil, intersecionada por opressões, as quais foram, sistematicamente, engendradas e convergiram em estruturas racistas, capitalistas e heterocispatriarcais. Iniciamos com a reflexão de que, mesmo o capitalismo, seguindo uma lógica, é diferenciado pelo processo histórico nos modos de produção e na acumulação primitiva situados no espaço e no tempo. O fio condutor historiográfico permitiu uma viagem resgate ao passado, não tão distante, até o contemporâneo. Foi negritado o modelo neoliberal e a eminente política da morte para a sociedade não considerada produtiva nos moldes neoliberalista brasileiro. Por fim, perguntas reflexivas foram expostas a fim de provocar novos pensares dos e nos estudos organizacionais, além de propostas de novas abordagens para estudos futuros. O estudo contribui para o campo dos estudos organizacionais ao reconstruir um processo histórico silenciado e ao problematizar perspectivas hegemônicas em administração, as quais são importadas de outros contextos sócio históricos de maneira acrítica e a-histórica, o que contribui para a manutenção da colonização do poder/saber.
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