Impactos da violência infantil no crescimento e desenvolvimento da criança
uma revisão integrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v27isupl_1.48251Palavras-chave:
Exposição à violência, Abuso infantil, Crescimento, DesenvolvimentoResumo
Introdução: A vivência de situações de violência na infância acarreta impactos significativos na saúde mental, no sono, na saúde física, no crescimento, no desenvolvimento e no comportamento da criança. Objetivo: Identificar, na literatura, estudos primários que apresentem os impactos causados pela violência vivenciada durante a infância sobre o crescimento e desenvolvimento da criança até a adolescência. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, utilizando as bases de dados MEDLINE, LILACS, BDENF, Web of Science e Scopus, sem delimitação temporal. Resultados: Foram encontrados 5.262 artigos e, após as etapas de leitura de títulos, resumos e textos completos, 23 artigos publicados entre 2002 e 2022 foram incluídos na revisão, abordando crianças e jovens de até 22 anos. Os estudos foram agrupados em quatro categorias temáticas: impactos na saúde mental e na socialização (39,0%), impactos no sono (8,6%), impactos na saúde física e no crescimento (13,0%) e impactos no desenvolvimento e no comportamento (39,1%). Conclusão: A revisão evidenciou que a violência sofrida na infância acarreta impactos negativos duradouros, com consequências muitas vezes irreversíveis para as vítimas. Ressalta-se a importância de uma atuação qualificada por parte dos profissionais de saúde para a identificação precoce da violência, bem como para sua notificação e a implementação de ações de prevenção e enfrentamento dessa realidade.
Downloads
Referências
Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (BR). Secretaria Nacional de Proteção dos Direitos da Criança e Adolescente. Violência contra crianças e adolescentes: análise de cenários e propostas de políticas públicas [Internet]. Brasília: Ministério dos Direitos Humanos; 2018 [citado 14 dez 2024]. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/consultorias/conada/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas.pdf
Bueno S, Lima RS. Incertezas na medição da evolução das mortes violentas intencionais no Brasil: desafios metodológicos e dilemas de políticas públicas. In: Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública [Internet]. São Paulo: FBSP; 2023. p. 24–37 [citado 11 dez 2024]. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf
Pedroso MRO, Leite FMC. Violência recorrente contra crianças: análise dos casos notificados entre 2011 e 2018 no Estado do Espírito Santo. Rev Epidemiol Serv Saúde. 2021;30(3):e2020809.
World Health Organization. Preventing child maltreatment: a guide to taking action and generating evidence [Internet]. Geneva: WHO; 2006 [citado 9 dez 2024]. Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ms/cartilha_impacto_violencia.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Impacto da violência na saúde das crianças e adolescentes: prevenção das violências e promoção da cultura de paz [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2008 [citado 3 dez 2024]. Disponível em: https://dx.doi.org/10.38116/riatlasdaviolencia2023
Cerqueira D, Bueno S, organizadores. Atlas da violência 2023 [Internet]. Brasília: Ipea; FBSP; 2023 [citado 15 dez 2024]. Disponível em: https://recien.com.br/index.php/Recien/article/view/575
Broome ME. Integrative literature reviews for the development of concepts. In: Rodgers BL, Knafl KA, eds. Concept development in nursing: foundations, techniques and applications. Philadelphia (PA): W.B. Saunders Company; 2000. p. 231–50.
Dantas HLL, Costa CRB, Costa LMC, Lúcio IMC, Comassetto I. Como elaborar uma revisão integrativa: sistematização do método científico. Recien. 2022;12(37):334–45. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext. doi: 10.24276/recente2022.12.37.334-345.
Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. A declaração PRISMA 2020: diretriz atualizada para relatar revisões sistemáticas. Rev Epidemiol Serv Saúde. 2022;31(2):e2022107. Disponível em: https://doi.org/10.1002/brb3.607. doi: 10.1590/s1679-49742022000200033
Cui N, Ji X, Liu J. Child physical abuse, non-anemic iron deficiency and behavior problems. J Pediatr Nurs. 2018;39:74–9. doi: 10.1016/j.pedn.2017.11.014
Gibson CL, Fagan AA. An individual growth model analysis of childhood spanking on change in externalizing behaviors during adolescence: a comparison of Whites and African Americans over a 12-year period. Am Behav Sci. 2018;62(11). doi: 10.1177/0002764218793689
Whittle S, Simmons JG, Hendriksma S, Vijayakumar N, Byrne ML, Schwartz OS, et al. Childhood maltreatment, psychopathology, and the development of hippocampal subregions during adolescence. Brain Behav. 2017;7(4):e00607. Disponível em: https://doi.org/10.1111/aswp.12093
Kerker BD, Zhang J, Nadeem E, Stein RE, Hurlburt MS, Heneghan A, et al. Adverse childhood experiences and mental health, chronic medical conditions, and development in young children. Acad Pediatr. 2015;15(5):510–7. doi: 10.1016/j.acap.2015.05.005
Doom JR, Cicchetti D, Rogosch FA. Longitudinal patterns of cortisol regulation differ in maltreated and nonmaltreated children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2014;53(11):1206–15. doi: 10.1016/j.jaac.2014.08.006
Hecht KF, Cicchetti D, Rogosch FA, Crick NR. Borderline personality features in childhood: the role of subtype, developmental timing, and chronicity of child maltreatment. Dev Psychopathol. 2014;26(3):805–15. doi: 10.1017/S0954579414000406
Thompson R, Tabone JK. The impact of early alleged maltreatment on behavioral trajectories. Child Abuse Negl. 2010;34(12):907–16. doi: 10.1016/j.chiabu.2010.06.006
Kim J, Cicchetti D. Longitudinal trajectories of self-system processes and depressive symptoms among maltreated and nonmaltreated children. Child Dev. 2006;77(3):624–39. doi: 10.1111/j.1467-8624.2006.00894.x
Lansford JE, Dodge KA, Pettit GS, Bates JE, Crozier J, Kaplow J. A 12-year prospective study of the long-term effects of early child physical maltreatment on psychological, behavioral, and academic problems in adolescence. Arch Pediatr Adolesc Med. 2002;156(8):824–30. doi: 10.1001/archpedi.156.8.824
Turner S, Menzies C, Fortier J, Garces I, Struck S, Taillieu T, et al. Child maltreatment and sleep problems among adolescents in Ontario: a cross-sectional study. Child Abuse Negl. 2020;99:104309. doi: 10.1016/j.chiabu.2019.104309
Langevin R, Hébert M, Guidi E, Bernard-Bonnin AC, Allard-Dansereau C. Sleep problems over a year in sexually abused preschoolers. Paediatr Child Health. 2017;22(5):273–6. doi: 10.1093/pch/pxx077
Font AS, Berger LM. Child maltreatment and children’s developmental trajectories in early to middle childhood. Child Dev. 2015;86(2):536–56. doi: 10.1111/cdev.12322
Cicchetti D, Rogosch FA, Howe ML, Toth SL. The effects of maltreatment and neuroendocrine regulation on memory performance. Child Dev. 2010;81(5):1504–19. doi: 10.1111/j.1467-8624.2010.01488.x
Bailey JA, McCloskey LA. Pathways to adolescent substance use among sexually abused girls. J Abnorm Child Psychol. 2005;33(1):39–53. doi: 10.1007/s10802-005-0933-0
Winter SM, Dittrich K, Dörr P, Overfeld J, Moebus I, Murray E, et al. Immediate impact of child maltreatment on mental, developmental, and physical health trajectories. J Child Psychol Psychiatry. 2022;63(9):1027–45. doi: 10.1111/jcpp.13550
Delaney SW, Cortes Hidalgo AP, White T, Haneuse S, Ressler KJ, Tiemeier H, et al. Are all threats equal? Associations of childhood exposure to physical attack versus threatened violence with preadolescent brain structure. Dev Cogn Neurosci. 2021;52:101033. doi: 10.1016/j.dcn.2021.101033
Eismann EA, Theuerling J, Cassedy A, Curry PA, Colliers T, Makoroff KL. Early developmental, behavioral, and quality of life outcomes following abusive head trauma in infants. Child Abuse Negl. 2020;108:104643. doi: 10.1016/j.chiabu.2020.104643
Park A, Kim Y. Investigating a longitudinal trajectory of child obesity and its association with child maltreatment in South Korea. Asian Soc Work Pol Rev. 2016;10(2):234–47. doi: https://www.scielo.br/j/csc/a/f8d5HrVPXxxTHD33PJQJV4B/
Romens SE, McDonald J, Svaren J, Pollak SD. Associations between early life stress and gene methylation in children. Child Dev. 2015;86(1):303–9. doi: 10.1111/cdev.12270
Girard LC, Pingault JB, Falissard B, Boivin M, Dionne G, Tremblay RE. Physical aggression and language ability from 17 to 72 months: cross-lagged effects in a population sample. PLoS One. 2014;9(11):e112185. doi: 10.1371/journal.pone.0112185
Schneiderman JU, Negriff S, Peckins M, Mennen FE, Trickett PK. Body mass index trajectory throughout adolescence: a comparison of maltreated adolescents by maltreatment type to a community sample. Pediatr Obes. 2015;10(4):296–304. doi: 10.1111/ijpo.258
Prasad MR, Kramer LA, Ewing-Cobbs L. Cognitive and neuroimaging findings in physically abused preschoolers. Arch Dis Child. 2005;90(1):82–5. doi: 10.1136/adc.2003.045583
De Bellis MD, Keshavan MS, Shifflett H, Iyengar S, Beers SR, Hall J, et al. Brain structures in pediatric maltreatment-related posttraumatic stress disorder: a sociodemographically matched study. Biol Psychiatry. 2002;52(11):1066–78. doi: 10.1016/s0006-3223(02)01459-2
Egry EY, Apostolico MR, Morais TCP. Notificação da violência infantil, fluxos de atenção e processo de trabalho dos profissionais da Atenção Primária em Saúde. Ciênc Saúde Colet. 2018;23(1):83–92. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/26002
Batista MAL. Atuação do enfermeiro no cuidado à criança vítima de violência / Ação do enfermeiro no cuidado à criança vítima de violência. Braz J Hea Rev [Internet]. 2021;4(2):4937–48. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/l14344.htm
Brasil. Presidência da República. Lei nº 14.344, de 24 de maio de 2022 (Lei Henry Borel) [Internet]. Brasília: Diário Oficial da União; 2022. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/l14344.htm
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde/Brazilian Journal of Health Research

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde (RBPS) adota a licença CC-BY-NC 4.0, o que significa que os autores mantêm os direitos autorais de seus trabalhos submetidos à revista. Os autores são responsáveis por declarar que sua contribuição é um manuscrito original, que não foi publicado anteriormente e que não está em processo de submissão em outra revista científica simultaneamente. Ao submeter o manuscrito, os autores concedem à RBPS o direito exclusivo de primeira publicação, que passará por revisão por pares.
Os autores têm autorização para firmar contratos adicionais para distribuição não exclusiva da versão publicada pela RBPS (por exemplo, em repositórios institucionais ou como capítulo de livro), desde que seja feito o devido reconhecimento de autoria e de publicação inicial pela RBPS. Além disso, os autores são incentivados a disponibilizar seu trabalho online (por exemplo, em repositórios institucionais ou em suas páginas pessoais) após a publicação inicial na revista, com a devida citação de autoria e da publicação original pela RBPS.
Assim, de acordo com a licença CC-BY-NC 4.0, os leitores têm o direito de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;
- Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença. De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de maneira alguma que sugira ao licenciante a apoiar você ou o seu uso.
- Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.