Negligência e violência psicológica contra adolescentes: uma descrição dos casos

Autores

  • Isaura Barros Alves Pinto Universidade Federal do Espírito Santo https://orcid.org/0000-0002-1893-7016
  • Franciéle Marabotti Costa Leite Universidade Federal do Espírito Santo
  • Mayara Alves Luis Universidade Federal do Espírito Santo
  • Odelle Mourão Alves Universidade Federal do Espírito Santo.
  • Luíza Eduarda Portes Ribeiro Prefeitura Municipal de Vila Velha https://orcid.org/0000-0003-1960-7155
  • Márcia Regina de Oliveira Pedroso Universidade Federal do Espírito Santo https://orcid.org/0000-0002-2859-159X
  • Solange Drumond Lanna Prefeitura Municipal de Vitória
  • Edleusa Gomes Ferreira Cupertino Secretaria Estadual de Saúde https://orcid.org/0000-0001-9539-5997
  • Getúlio Sérgio Souza Pinto Multivix Serra
  • Fábio Lúcio Tavares Universidade Federal do Espírito Santo.

DOI:

https://doi.org/10.47456/rbps.v23i3.35722

Palavras-chave:

Adolescente, Violência, Violência doméstica, Exposição a violência, Notificação de abuso

Resumo

Introdução: Os adolescentes configuram em um grupo vulnerável e sujeito às inúmeras experiências de violência, podendo ocasionar em impactos negativos em sua vida e desenvolvimento. Objetivos: Verificar a frequência de violência psicológica e da negligência contra adolescentes no Espírito Santo, no período de 2011 a 2018, e, caracterizar as vítimas, o agressor e os eventos. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo realizado com dados notificados de violências contra adolescentes entre 10 e 19 anos, registrados no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), entre os anos de 2011 e 2018 no Espírito Santo. A análise dos dados foi realizada pela estatística descritiva (frequência bruta e relativa) com intervalos de confiança de 95%. As análises bivariadas foram realizadas por meio do teste Qui-Quadrado de Pearson. Resultados: Foram analisados 386 casos notificados de violência psicológica (N= 144; P= 1,6%) e negligência (N= 242; P= 2,8%). Maior frequência de violência psicológica ocorreu na residência da vítima, por repetidas vezes, por um único agressor, adulto e do sexo masculino (p < 0,05). A negligência foi mais prevalente nos meninos, adolescentes com alguma deficiência/transtorno e entre 10 a 14 anos, e mais frequentemente perpetrada por alguém da família e do sexo feminino (p< 0,05). Conclusão: Os dados auferidos apontam para a invisibilização da violência no seio familiar e seu caráter de gênero marcante. A qualificação de profissionais que ofertam assistência é um ponto básico de transformação da naturalização da violência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isaura Barros Alves Pinto, Universidade Federal do Espírito Santo

Discente do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Enfermagem.

Franciéle Marabotti Costa Leite, Universidade Federal do Espírito Santo

Docente do Departamento de Enfermagem e dos Programas de Pós Graduação em Saúde Coletiva e Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo.

Mayara Alves Luis, Universidade Federal do Espírito Santo

Mestre em Saúde Coletiva do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo.

Odelle Mourão Alves, Universidade Federal do Espírito Santo.

Enfermeira do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM). Universidade Federal do Espírito Santo.

Luíza Eduarda Portes Ribeiro, Prefeitura Municipal de Vila Velha

Enfermeira da Estratégia de Saúde da Família da Prefeitura Municipal de Vila Velha, Espírito Santo.

Márcia Regina de Oliveira Pedroso, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutoranda em Saúde Coletiva do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo

Solange Drumond Lanna, Prefeitura Municipal de Vitória

Enfermeira do Núcleo de Prevenção em Violência do Município de Vitória. Secretaria Municipal de Saúde de Vitória, Espírito Santo.

Edleusa Gomes Ferreira Cupertino, Secretaria Estadual de Saúde

Núcleo de Epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Espírito Santo.

Getúlio Sérgio Souza Pinto, Multivix Serra

Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Multivix – Serra, Espírito Santo.

Fábio Lúcio Tavares, Universidade Federal do Espírito Santo.

Docente do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo.

Referências

Becker D. O que é Adolescência. São Paulo: Editora Brasiliense, 2017.

Costa MCO, Carvalho RC de, Santa Bárbara J de FR, Santos CAST, Gomes W de A, Sousa HL de. O perfil da violência contra crianças e adolescentes, segundo registros de Conselhos Tutelares: vítimas, agressores e manifestações de violência. Cien Saude Colet. [periódico na Internet]; 2007; [acessado em 09 mai. 2020];12(5):1129–41. Dispo¬nível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art¬text&pid=S1413-81232007000500010&lng=en&nrm=iso.

Avanci JQ, Assis SG, César N, Oliveira RVC. Escala de violência psicológica contra adolescentes Scale of psychological violence against adolescents. Rev Saude Publica. [periódico na Internet]; 2005; [acessado em 17 mar. 2020];39(5):702-8. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 89102005000500002&lng=en&nrm=iso.

Michaelis C, Michaelis H. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2020.

Miller L. Protegendo as mulheres da violência doméstica. Seminário de treinamento para juízes, procuradores, promotores e advogados no Brasil. Trad. Osmar Mendes. 2. ed. Brasília: Tahirid Justice Center, 2002.

Dias D. A violência intrafamiliar infantil e suas consequências. Portal comporte-se [site na Internet]; 2013; [acessado em 14 mar. 2021]. Disponível em: https:// comportese.com/2013/11/20/a-violencia-intrafamiliar-infantil-e-suas-consequencias.

Veloso MMX, Magalhães CMC, Cabral IR. Identificação e notificação de violência contra crianças e adolescentes: limites e possibilidades de atuação de profissionais de saúde. Psicologia da Saúde. [periódico na Internet]; 2017; [acessado em 25 fev. 2021]; 25(1):1–8. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/229059799.pdf.

Brasil. Secretaria de Direitos Humanos. Programa Nacional de Direitos Humanos (PnDH-3). Brasília: Liberdade de Expressão, 2010.

de Assis SG, Avanci JQ, Pesce RP, Pires T de O, Gomes DL. Notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças no Brasil. Cienc e Saude Coletiva. [periódico na Internet]; 2012; [acessado em 19 fev. 2021];17(9):2305–17. Disponível em: https://www.scielo. br/pdf/csc/v17n9/a12v17n9.pdf.

Alves JM, Vidal Emery CF, Fonseca FLA, Vidal Eglidia CF, da Silva MJ, Pinto AGA et al. Notificação da violência contra crianças e adolescentes por profissionais de saúde. Rev da Fac Ciências Médicas Sorocaba. [periódico na Internet]; 2017; [acessado em 15 mar. 2021];19(1):26–32. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ RFCMS/article/view/26596.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades. Panorama Espírito Santo. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [site na Internet]; 2020; [acessado em 05 mar. 2021]. Disponível em: https:// cidades.ibge.gov.br/brasil/es/panorama

Brasil. Viva Inquérito 2017: Vigilância de Violências e Acidentes em Serviços Sentinelas de Urgência e Emergência – Capitais e Municípios. [livro na Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. 128 p.; [acessado em 20 mai 2021]. Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/ images/pdf/2019/dezembro/05/viva-inquerito-2017.pdf

da Silva JCF, Gonçalves SMM. Perfil da violência contra crianças e adolescentes segundo registros do Conselho Tutelar de um município da Baixada Fluminense. Rev Mosaico. [periódico na Internet]; 2019; [acessado em 16 mar. 2021]; 10(2):02–9. Disponível em: http://editora. universidadedevassouras.edu.br/index.php/RM/article/ view/1931/1251.

Pasian MS, Faleiros JM, Bazon MR, Lacharité C. Negli¬gência Infantil: A Modalidade Mais Recorrente de Maus¬-Tratos. Pensando fam. [periódico na Internet]; 2013; [acessado em 16 mar. 2021]; 17(2):61–70. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex¬t&pid=S1679-494X2013000200005&lng=pt&nrm=iso.

Barbosa CT de AM, Niemeyer F da R. Violência contra crianças e adolescentes e a atuação do psicólogo. Rev Mosaico. [periódico na Internet]; 2020 [acessado em 16 mar. 2021]; 11(2):161–8. Disponível em: http://editora. universidadedevassouras.edu.br/index.php/RM/article/ view/2241/1459.

Sociedade de Pediatria de São Paulo. Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência. 2 ed. Brasília, DF: CFM; 2018.

Martins CB de G, Jorge MHP de M. A violência con¬tra crianças e adolescentes: características epidemiológicas dos casos notificados aos Conselhos Tutelares e progra¬mas de atendimento em município do Sul do Brasil, 2002 e 2006. Epidemiol e Serviços Saúde. [periódico na Internet]; 2009; [acessado em 17 mar. 2021]; 18(4):315–34. Dispo¬nível em: https://repositorio.usp.br/bitstream/handle/ BDPI/13509/art_MARTINS_Negligencia_e_abandono_ de_criancas_e_adolescentes_2009.pdf?sequence=1.

Pereira VO de M, Pinto IV, Mascarenhas MDM, Shimizu HE, Ramalho WM, Fagg CW. Violence against adolescents: Analysis of health sector notifications, brazil, 2011-201. Rev Bras Epidemiol. [periódico na Internet]; 2020; [acessado em 17 mar. 2021]; 23:1–17. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rbepid/2020.v23suppl1/ e200004.SUPL.1/pt.

Souza C dos S, Costa MCO, de Assis SG, Musse J de O, Sobrinho CN, Amaral MTR. Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/VIVA e a notificação da violência infanto-juvenil, no Sistema Único de Saúde/SUS de Feira de Santana-Bahia, Brasil. Cienc e Saude Coletiva. [periódico na Internet]; 2014; [acessado em 15 mar. 2021]; 19(3):773– 84. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/ v19n3/1413-8123-csc-19-03-00773.pdf.

dos Santos TMB, Cardoso MD, Pitangui ACR, Santos YGC, Paiva SM, Melo JPR, et al. Completitude das notificações de violência perpetrada contra adolescentes em Pernambuco, Brasil. Cienc e Saude Coletiva. [periódico na Internet]; 2016; [acessado em 17 mar. 2021]; 21(12):3907– 16. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/ csc/2016.v21n12/3907-3916/pt.

Egry EY, Apostólico MR, Albuquerque LM, Gessner R, da Fonseca RMGS. Understanding child neglect in a gender context: A study performed in a Brazilian city. Rev da Esc Enferm. [periódico na Internet]; 2015; [acessado em 17 mar. 2021]; 49(4):555–62. Disponível em: https:// www.scielo.br/pdf/reeusp/v49n4/pt_0080-6234- reeusp-49-04-0556.

Oliveira NF de, Moraes CL de, Junger WL, Reichenheim ME. Violência contra crianças e adolescentes em Manaus, Amazonas: estudo descritivo dos casos e análise da completude das fichas de notificação, 2009-2016. Epidemiol e Serv saude. [periódico na Internet]; 2020; [acessado em 14 mar. 2021]; 29(1):e2018438. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ress/v29n1/2237-9622- ress-29-01-e2018438.pdf.

World Health Organization. Relatório mundial sobre a deficiência / The World Bank: tradução Lexicus Serviços Lingüísticos. São Paulo: SEDPcD, 2012.

Freitas RJM de, Moura NA de, Feitosa RMM, Lima DW da C, Azevedo LDS, Monteiro ARM. Assistência dos profissionais de saúde às crianças e adolescentes em situações de violência. SMAD Rev Eletrônica Saúde Ment Álcool e Drog. [periódico na Internet]; 2020; [acessado em 15 mar. 2021]; 16(1):1–8. Disponível em: http://pepsic. bvsalud.org/pdf/smad/v16n1/v16n1a02.pdf.

Downloads

Publicado

12.09.2022

Como Citar

1.
Barros Alves Pinto I, Marabotti Costa Leite F, Alves Luis M, Mourão Alves O, Eduarda Portes Ribeiro L, de Oliveira Pedroso MR, et al. Negligência e violência psicológica contra adolescentes: uma descrição dos casos. RBPS [Internet]. 12º de setembro de 2022 [citado 21º de novembro de 2024];23(3):62-70. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/35722

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos dos mesmo(s) autor(es)