Itinerário extramuros de Lúcio-Asno nas 'Metamorphoses', de Apuleio: topofobias na África romana (séc. II d.C.)

Autores

  • Belchior Monteiro Lima Neto Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

DOI:

https://doi.org/10.17648/rom.v0i18.36084

Palavras-chave:

África romana, Topofobia, Apuleio, Metamorphoses

Resumo

As topofobias associadas à África romana identificam-se diretamente aos espaços extramuros das cidades existentes na região. Tal percepção evidencia-se quando se toma como documentação de análise as Metamorphoses, de Apuleio. Escrita em meados do século II, na obra há uma clara designação das localidades fora da ingerência das elites citadinas como espaços abertos às ações belicosas, bárbaras e assustadoras praticadas por bandidos, feras selvagens e entidades sobrenaturais. Nesta região erma e insalubre, Lúcio, metamorfoseado em asno, vaga por um itinerário sombrio, perigoso e hostil, presenciando uma série de assaltos, raptos, assassinatos e atos mágico-fantasmagóricos, configurando uma evidente paisagem do medo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Documentação textual

APULÉE. Opuscules philosophiques et fragments. Traduit par Jean Beaujeu. Paris: Les Belles Lettres, 1973.

APULÉE. Apologie et Florides. Traduit par Paul Vallette. Paris: Les Belles Lettres, 2002.

APULEIO. O asno de ouro. Tradução de Ruth Guimarães. São Paulo: Editora 34, 2019.

APULEIUS. Metamorphoses: books I-VI. Translated and introduction by J. Arthur Hanson. London: Harvard University Press, 1989.

APULEIUS. Metamorphoses: books VII-XI. Translated by J. Arthur Hanson. London: Harvard University Press, 1989.

CLAUDIUS PTOLEMY. Geography. Translated by Joseph Fischer. New York: Cosimo Classics, 2011.

ESTRABÓN. Geografia: libros XV-XVII. Traducción de Juan Luis García Alonso, Maria Paz de Hoz García-Bellido y Sofía Torallas Tovar. Madrid: Gredos, 2015.

FLORO. Epítome de la historia de Tito Livio. Traducción de Gregorio Hinojo Andres e Isabel Moreno Ferrero. Madrid: Gredos, 2000.

HERÓDOTO. Histórias. Tradução de Maria de Fátima Silva e Cristina Abranches Guerreiro. Lisboa: Edições 70, 2001.

PLINY THE ELDER. Natural history. Translated by John F. Healy. New York: Penguin, 2004.

POMPONIUS MELA. Description of the world. Translated by E. F. Romer. Michigan: The University of Michigan Press, 2001.

SANTO AGOSTINHO. A cidade de Deus. Tradução de Oscar Paes Leme. Petrópolis: Vozes, 2019. p. II.

TÁCITO. Anales: libros I-VI. Traducción de José L. Moralejo. Madrid: Gredos, 2015.

TÁCITO. Historias: libros III-V. Traducción de Antonio Ramírez de Verger. Madrid: Gredos, 2013.

TERTULIANO. Os espetáculos. Tradução e notas de Fernando Melro e João Maia. Lisboa: Verbo, 1974.

Documentação arqueológica

AURIGEMMA, S. Italy in Africa: archaeological discoveries (1911-1943). Roma: Istituto poligrafico dello Stato, 1960. v. I

MATTINGLY, D. The Archaeology of Fazzan: Synthesis. London: Society for Libyan Studies, 2003. v. I.

MATTINGLY, D. The Archaeology of Fazzan: Site Gazetteer, pottery and other survey finds. London: Society for Libyan Studies, 2007. v. 2.

MATTINGLY, D. The Archaeology of Fazzan: Excavations of C. M. Daniels. London: Society for Libyan Studies, 2010. v. 3.

MATTINGLY, D. The Archaeology of Fazzan: Survey and excavations at Old Jarma. London: Society for Libyan Studies, 2013. v. 4.

Obras de apoio

BARROS, J. A. História, espaço, geografia: diálogos interdisciplinares. Petrópolis: Vezes, 2017.

BLOCH, M. Apologia da História ou O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BRETT, M. Libya and the Sahara in the History of Africa. In: MATTINGLY, D. et al. The Libyan desert. London: Society for Libyan Studies, 2016, p. 271-285.

BURKE, P. A Escola dos Annales (1929-1989): a revolução francesa da historiografia. São Paulo: UNESP, 1997.

BUSTAMANTE, R. M. C. ‘Bellum Iustum’ em diferentes perspectivas. In: PEDROSA, F. V. G.; SILVA, M. F. A. CODEÇO, V. F. de S. (org.). Anais do I Encontro de História Militar Antiga e Medieval. Rio de Janeiro: CEPHIMEX, 2011, p. 11-29.

BUSTAMANTE, R. M. C. Exclusão na arena: ‘damnatio ad bestias’. Dimensões, n. 22, p. 104-122, 2009.

BUSTAMANTE, R. M. C. Latim, púnico e berbere na África do Norte: identidade e alteridade. Phoînix, n. 6, p. 312-327, 2000.

CHAUSA, A. Modelos de reservas de indígenas en el África romana. Gerión, n. 2, p. 95-101, 1994.

CHERRY, D. Frontier and society in Roman North Africa. New York: Oxford University Press, 2005.

DESANGE, J. Toujours Afrique apporte fait nouveau scripta minora. Paris: Boccard, 1999.

DUARTE, A. S. Apresentação. In: APULEIO. O asno de ouro. São Paulo: Editora 34, 2019, p. 7-22.

DUNBABIN, K. M. D. Mosaics of the Greek and Roman world. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

ENNABLI, A. Entre Afrique du Nord antique et Afrique Sub-Saharienne: un obstacle infranchisable. In: BAZZANA, A.; BOCOUM, H. (ed.). Du nord au sud du Sahara. Paris: Sepia, 2004, p. 23-24.

FUNARI, P. P. A vida quotidiana na Roma antiga. São Paulo: Annablume, 2003.

GLARE, P. G. W. Urbanitas. In: ______. Oxford Latin dictionary. Oxford: Clarendon Press, 1968, p. 2105.

GUIMARÃES, R. O homem de Madaura. In: APULEIO. O asno de ouro. São Paulo: Editora 34, 2019, p. 23-33.

HANSON, J. A. Introduction. In: APULEIUS. Metamorphoses: books I-VI. London: Loeb Classical Library, 1989, p. ix-xiv.

HOBSON, M. S. The Africa boom: evaluating economic growth in Roman province of Africa Proconsularis. Leicester: University of Leicester, 2012.

JOLY, F. D. Terra e trabalho na Itália no Alto Império. In: SILVA, G V. da; MENDES, N. M. (Org.). Repensando o Império Romano. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p. 65-84.

LIMA NETO, B. M. A construção do espaço como estratégia política: a romanização da paisagem urbana de Lepcis Magna (sécs. I a.C.-II d.C.). In: LIMA NETO, B. M.; SILVA, E. C. M.; SILVA, G. V. (org.). Forma e imagens da cidade antiga. Vitória: Milfontes, 2020, p. 173-200.

LIMA NETO, B. M. Bandidos e elites citadinas na África romana. Vitória: Edufes, 2014.

LIMA NETO, B. M. Entre a filosofia e a magia. Curitiba: Prisma, 2016.

LIMA NETO, B. M. Os líbios na África romana: novas perspectivas historiográficas a partir das escavações arqueológicas em Ghirza e no Fazzan. Revista Diálogos Mediterrânicos, n. 19, p. 3-21, 2020.

LIMA NETO, B. M. Paideia e ascensão social na África romana: a biografia de Apuleio de Madaura (séc. II d.C.). Herodoto, v. 3, n. 2, p. 72-87, 2018.

LIVERANI, M. Aghram Nadarif: a Garamantian citadel in the Wadi Tannezzuft. Florence: Society for Libyan Studies, 2006.

LIVERANI, M. Aghram Nadharif and the southern border of the Garamantian kingdom. In: ______. Arid lands in Roman times. Firenze: Edizioni all’Insegna del Giglio, 2003, p. 23-36.

LIVERANI, M. The Libyan caravan road in Herodotus IV. Journal of the Economic and Social History of Orient, n. 43, p. 496-520, 2000.

MAHJOUBI, A. O período romano e pós-romano na África do Norte. In: MOKHTAR, G. (coord.). História Geral da África. São Paulo: Ática, 1985, p. 473-509.

MARTINS, M.; SILVA, G. V. Cidade antiga e sociedade: narrativas e diálogos interdisciplinares. In: FERRERO, A.; MARQUES, A. (coord.). Atas do II Congresso Histórico Internacional: as cidades na história – sociedade. Guimarães: Câmara Municipal de Guimarães, p. 75-108, 2019.

MATTINGLY, D. J. The Garamantes and the origins of Saharan trade. In: MATTINGLY, D. et al. Trade in the Ancient Sahara and beyond. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 1-50.

MATTINGLY, D. J. Tripolitania. Michigan: University of Michigan Press, 1994.

MENDES, N. M. Romanização e as questões de identidade e alteridade. Boletim do CPA, Campinas, n. 11, p. 25-42, 2001.

MORI, L. Between the Saara and the Mediterranean cost: the archaeological research in oasis of Fewet and the rediscovery of the Garamantes. Bolletino di Archeologia Online, n. 330, p. 17-30, 2010.

MORI, L. Fortified citadels and castels in Garamantian times. In: FRIEDERIKE, J.; VOGEL, C. (ed.). The power of the walls: fortications in Ancient Northeastern Africa. Cologne: University of Cologne, 2013, p. 195-216.

OLIVEIRA, J. C. M. Sociedade e cultura na África romana. São Paulo: Intermeios, 2020.

RAVEN, S. Rome in Africa. London: Routledge, 1993.

SHAW, B. Bandits in the Roman Empire. Past and Present, n. 105, p. 3-52, 1984.

SHAW, B. O bandido. In: GIARDINA, A. (org.). O homem romano. Lisboa: Presença, 1991, p. 247-280.

SILVA, G. V. A formação dos cidadãos do céu: João Crisóstomo e a Christon paideia. Acta Scientiarum Education, v. 32, n. 1, p. 7-17, 2010.

SILVA, G. V. Um exemplo de polêmica religiosa no século II d.C.: a oposição Ísis X Atargatis nas Metamorfoses de Apuleio. Revista de História da UFES, n. 9, p. 27-39, 2001.

TUAN, Y. F. Paisagens do medo. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

TUAN, Y. F.a Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Londrina: EDUEL, 2015.

TUAN, Y. F.b Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: Eduel, 2015.

VEYNE, P. Humanitas: romanos e não romanos. In: GIARDINA, A. (org.). O homem romano. Lisboa: Presença, 1991, p. 283-302.

WALSH, P. G. The Roman novel. London: Bristol Classical, 1995.

Downloads

Publicado

30-12-2021

Como Citar

LIMA NETO, Belchior Monteiro. Itinerário extramuros de Lúcio-Asno nas ’Metamorphoses’, de Apuleio: topofobias na África romana (séc. II d.C.). Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, [S. l.], n. 18, p. 84–102, 2021. DOI: 10.17648/rom.v0i18.36084. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/romanitas/article/view/36084. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Viagens, expedições e itinerários no Mediterrâneo antigo