A natureza em György Lukács e Alfred Schmidt: reflexões marxistas no início do Antropoceno
DOI:
https://doi.org/10.47456/argumentum.v13i3.46206Palavras-chave:
Marxismo, Ontologia, NaturezaResumo
O artigo apresenta uma contraposição crítica de duas interpretações sobre as reflexões marxianas acerca da natureza nos anos 1960, feitas por György Lukács e Alfred Schmidt. Argumenta que as posições de Schmidt sobre a natureza incorrem, em última instância, em um construtivismo literal que, a perspectiva ontológica de Lukács foi capaz de evitar. Por outro lado, o texto argumenta que Lukács faz uma generalização da teoria do valor marxiana que obstaculiza a cognição histórica dos diversos metabolismos sociais, diferentemente da interpretação mais historicizada do valor feita por Schmidt, que retira importantes considerações sobre a relação capitalista com a natureza. Argumenta ainda que ambas as posições, ao voltarem-se para a perspectiva marxiana de uma sociedade emancipada, não apenas se afastam das colocações de Marx, mas incorrem no que a sociologia ambiental classificou como “isencionalismo”. Por fim, busca mostrar como as teorizações de István Mészáros e da chamada Escola da Ruptura Metabólica reenquadram proficuamente os aspectos positivos e as limitações das interpretações de Schmidt e Lukács.
Downloads
Referências
Angus, I. Enfrentando o Antropoceno. São Paulo: Boitempo, 2023.
Burkett, P. Nature in Marx Reconsidered. Organization & Environment, [S.l.], v. 10, n. 2, p. 164–183, 1997.
Burkett, P. Marx and nature: a red and green perspective. Londres: Palgrave Macmillan, 2016.
Catton, W.; Dunlap, R. Environmental Sociology: A New Paradigm. American Sociologist, Washington (DC), n. 13, p. 41-49, 1978.
Engels, F. Anti-Dühring. In: Marx, K.; Engels, F. Marx-Engels Collected Works. volume 25. Londres: Lawrence and Wishart, 1987.
Engels, F. Dialética da Natureza. São Paulo: Boitempo, 2020.
Foster, J. B. Marx's ecology: Materialism and nature. New York: Monthly Review Press, 2000.
Foster, J. B. The Return of Nature: Socialism and Ecology. New York: Monthly Review Press, 2020. E-book.
Haug, T. Du constructivisme au naturalisme ontologique. L’itinéraire intellectuel de Lukács à la lumière des questionnements écologiques contemporains. Actuel Marx, Campinas, n. 69, n. 1, p. 106–118, 2021.
Hornborg, A. Nature, society, and justice in the Anthropocene: unravelling the money-energy-technology complex. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.
Hudis, P. Marx’s concept of the alternative to capitalism. Leiden: Brill Books, 2012.
Lukács, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2013.
Lukács, G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo, 2012.
Lukács, G. Socialismo e democratização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
Lukács, G. História e consciência de classe. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Lukács, G. Conversando com Lukács. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969.
Lukács, G. [Correspondência]. Destinatário: Alfred Schmidt. Budapeste, 24 de outubro de 1963. Disponível em: http://real-ms.mtak.hu/20605/.
Malm, A. The progress of this storm: nature and society in a warming world. London; New York: Verso, 2018.
Marx, K. O Capital: para a crítica da economia política. Livro I: O Processo de Produção do Capital. São Paulo: Boitempo, 2013.
Marx, K. Crítica ao programa de Gotha. São Paulo: Boitempo, 2012. E-book.
Marx, K. O Capital: crítica da economia política. Livro III: O Processo Global da Produção Capitalista. Tomo 1. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
Marx, K. A Miséria da Filosofia. São Paulo: Global, 1985a.
Marx, K. O Capital: crítica da economia política. Livro III: O Processo Global da Produção Capitalista. Tomo 2. São Paulo: Nova Cultural, 1985b.
Marx, K. [Correspondência]. Destinatário: Vera Zasulich (primeiro rascunho). Londres, fevereiro/março de 1881. Disponível em: https://www.marxists.org/archive/marx/works/1881/zasulich/draft-1.htm.
Mészáros, I. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2006.
Mészáros, I. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo: Boitempo, 2002.
Mészáros, I. A necessidade do controle social. São Paulo: Ensaio, 1987.
Peterson, A. Environmental ethics and the social construction of nature. Environmental Ethics, Cambridge (MA), n. 21, 1999.
Schmidt, A. The concept of nature in Marx. Londres: Verso, 2014. E-book.
Saito, K. Marx in the Anthropocene. Cambridge: Cambridge University Press, 2023.
Saito, K. O ecossocialismo de Karl Marx. São Paulo: Boitempo, 2021.
Tertulian, N. Adorno-Lukács: polémiques et malentendus. Cités, n. 22, 2005.
Van Der Laan, M. O valor na ontologia lukácsiana: alcances e limites. 2020. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Argumentum
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Termo de Cessão de Direitos Autorais
Como condição para a submissão, os autores devem concordar com o Termo de Cessão de Direitos Autorais, marcando a caixa de seleção após a leitura das cláusulas.
O(s) autor(es) doravante designado(s) CEDENTE, por meio desta, cede e transfere, de forma gratuita, a propriedade dos direitos autorais relativos à revista Argumentum, do Programa de Pós-graduação em Política Social, Universidade Federal do Espírito Santo - Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras 29075-910, Vitória (Brasil) doravante designada CESSIONÁRIA, nas condições descritas a seguir:
1. O CEDENTE declara que é (são) autor(es) e titular(es) da propriedade dos direitos autorais da OBRA submetida.
2. O CEDENTE declara que a OBRA não infringe direitos autorais e/ou outros direitos de propriedade de terceiros, que a divulgação de imagens (caso as mesmas existam) foi autorizada e que assume integral responsabilidade moral e/ou patrimonial, pelo seu conteúdo, perante terceiros.
3. O CEDENTE cede e transfere todos os direitos autorais relativos à OBRA à CESSIONÁRIA, especialmente os direitos de edição, de publicação, de tradução para outro idioma e de reprodução por qualquer processo ou técnica. A CESSIONÁRIA passa a ser proprietária exclusiva dos direitos referentes à OBRA, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outro meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem que haja prévia autorização escrita por parte da CESSIONÁRIA.
4. A cessão é gratuita e, portanto, não haverá qualquer tipo de remuneração pela utilização da OBRA pela CESSIONÁRIA.