A natureza em György Lukács e Alfred Schmidt: reflexões marxistas no início do Antropoceno

Autores

  • Murillo van der Laan Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.47456/argumentum.v13i3.46206

Palavras-chave:

Marxismo, Ontologia, Natureza

Resumo

O artigo apresenta uma contraposição crítica de duas interpretações sobre as reflexões marxianas acerca da natureza nos anos 1960, feitas por György Lukács e Alfred Schmidt. Argumenta que as posições de Schmidt sobre a natureza incorrem, em última instância, em um construtivismo literal que, a perspectiva ontológica de Lukács foi capaz de evitar. Por outro lado, o texto argumenta que Lukács faz uma generalização da teoria do valor marxiana que obstaculiza a cognição histórica dos diversos metabolismos sociais, diferentemente da interpretação mais historicizada do valor feita por Schmidt, que retira importantes considerações sobre a relação capitalista com a natureza. Argumenta ainda que ambas as posições, ao voltarem-se para a perspectiva marxiana de uma sociedade emancipada, não apenas se afastam das colocações de Marx, mas incorrem no que a sociologia ambiental classificou como “isencionalismo”. Por fim, busca mostrar como as teorizações de István Mészáros e da chamada Escola da Ruptura Metabólica reenquadram proficuamente os aspectos positivos e as limitações das interpretações de Schmidt e Lukács.

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Publicado

28-12-2024

Como Citar

van der Laan, M. (2024). A natureza em György Lukács e Alfred Schmidt: reflexões marxistas no início do Antropoceno. Argumentum, 16(3), 135–149. https://doi.org/10.47456/argumentum.v13i3.46206