O investimento vocal do Pessoal do Ceará
um canto torto feito faca
DOI:
https://doi.org/10.47456/cl.v15i30.35168Palavras-chave:
Investimento vocal, Qualidade vocal, Pessoal do CearáResumo
Com esta reflexão, objetivamos descrever os elementos constituintes das qualidades vocais inovadoras de Belchior, Ednardo e Fagner, surgidos na cena musical brasileira na década de 70 como componentes do chamado Pessoal do Ceará. Da Análise do Discurso delineada por Maingueneau, além dos conceitos posicionamento e investimento, aplicados por Costa (2012) ao discurso literomusical brasileiro, adaptamos à análise da dimensão vocal das canções os conceitos interdiscurso e metadiscurso, que resultaram em intervocalidade (constitutiva e mostrada) e metavocalidade (MENDES, 2013). Comparamos quatro fonogramas da canção “A Palo Seco” (Belchior, 1974, 1976; Ednardo, 1974 e Fagner, 1976) e concluímos que pode ser ouvida uma estridência nas qualidades vocais de Fagner e Ednardo e uma hipernasalidade em Belchior, cuja intensidade vocal é camuflada por harmônicos mais graves, além de mostrar uma articulação menos definida, com acentuação silábica mais próxima da voz falada, quando comparado aos outros dois cearenses. Quanto à escansão dos versos, ocorre um maior número de pausas e alongamentos vocálicos na primeira gravação de Belchior, os quais são substituídos por suspiros, em Fagner, e apagados em Ednardo. Isso mostra que, apesar das particularidades de cada um, podemos pensar em um arqui-investimento vocal que identifica os três cantores ao posicionamento Pessoal do Ceará.
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