Puta merda!

O uso do palavrão como recurso de expressividade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/rctl.v18i39.43463

Palavras-chave:

Palavrão, Sociolinguística, Tabu linguístico

Resumo

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa Sociolinguística Variacionista (Labov (2008, [1972]) em consonância com estudos de cunho discursivo e pragmático, que teve o objetivo de compreender o uso variável do palavrão como ferramenta discursiva. O estudo foi direcionado a estudantes do curso de licenciatura em Letras de uma Universidade Federal  e realizado com 67 pessoas. A pesquisa tem um caráter qualitativo e quantitativo e a metodologia para coleta de dados, que segue princípios metodológicos da Sociolinguística Variacionista, consistiu em um questionário semiestruturado enviado via e-mail e aplicativo de mensagem. Os resultados da pesquisa demonstram que a maioria do público analisado possui o hábito de falar palavrão e que esse uso, sendo variável, se estende a diferentes contextos, como em conversas informais, em situações de nervosismo e irritação etc. Além disso, constatou-se que as principais funções do palavrão, entre os participantes, são enfatizar o sentido das palavras e servir como válvula de escape para expressar emoções.

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Biografia do Autor

Damião Inácio da Silva, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Bacharel em Administração pela UniFIS. Estudante de Licenciatura em Letras Português e Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica Serra Talhada (UFRPE/UAST).

Renata Lívia de Araújo Santos, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mestra em Linguística e graduada em Letras (Português/Inglês) pela mesma instituição. Professora adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE/UAST).

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Publicado

23-08-2024