v. 51 n. 2 (2023): Contaminando o corpo da República: corrupção e práticas ilícitas durante o Antigo Regime (2023/2)
Recentemente a história da corrupção no período moderno passou de temática negligenciada – ou mesmo rechaçada por parte dos historiadores – para um promissor campo de pesquisa que tem contribuído para a compreensão de complexas dinâmicas sociais e políticas. A partir de profícuos diálogos entre especialistas, sobretudo espanhóis, holandeses e brasileiros, o entendimento sobre a corrupção rompeu com a ideia de que se tratava de um anacronismo intransponível e, diante de novos estudos com forte embasamento empírico, já não restam dúvidas de que o conceito de corrupção é aplicável às sociedades modernas, ainda que de acordo com noções próprias da época. Assim, estudantes e pesquisadores têm se lançado em quatro linhas básicas de investigação. São elas: a corrupção nos tratados político-morais, os debates sobre o conceito de corrupção, as práticas desonestas e, finalmente, os seus mecanismos de controle. Nessa perspectiva, o presente dossiê pretende reunir pesquisas que versem sobre a corrupção entre os séculos XVI e XIX, em variados espaços, abarcando temas como as fraudes, os arranjos e os acordos espúrios e ilegais, bem como as trocas de favor fruto de contrabando, venalidade e demais práticas ilícitas de funcionários, oficiais régios, membros da Igreja ou da justiça