Violência contra a mulher
um recorte de cor
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v27isupl_2.48411Palavras-chave:
Violência contra a mulher, População negra, RacismoResumo
Introdução: A violência letal contra a mulher no Brasil apresenta marcantes disparidades raciais, afetando de forma desproporcional as mulheres negras. Essa desigualdade tem raízes em um contexto histórico patriarcal e escravocrata, cujos reflexos ainda estruturam a sociedade e impactam a vida dessas mulheres. Objetivo: Analisar as circunstâncias históricas e sociais que influenciam a disparidade na violência letal entre mulheres negras e brancas no Brasil, com foco no racismo estrutural e na produção de políticas públicas para o enfrentamento da violência contra a mulher. Métodos: Foi realizada uma análise teórica com base em revisão bibliográfica e dados epidemiológicos, considerando a interseccionalidade entre gênero, raça e contexto social, a fim de compreender como o racismo estrutural contribui para a vulnerabilidade das mulheres negras. Resultados: Os achados apontam que, apesar dos avanços legislativos, a violência contra a mulher persiste e atinge de forma mais intensa as mulheres negras, tanto no âmbito doméstico quanto nas instituições do Estado. O racismo estrutural e a estigmatização racial perpetuam a exclusão dessas mulheres, dificultando o acesso a políticas de proteção e justiça. Conclusão: É urgente a formulação de políticas públicas interseccionais que enfrentem o racismo e as desigualdades de gênero, além da qualificação de profissionais para um acolhimento humanizado. Somente com o reconhecimento dessas desigualdades estruturais será possível avançar na prevenção da violência e na promoção da equidade racial e de gênero.
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