A formação educacional das crianças na Antiguidade Tardia: João Crisóstomo e a defesa da escola monástica
DOI:
https://doi.org/10.17648/rom.v0i16.33103Palavras-chave:
Antiguidade Tardia, João Crisóstomo, Infância, Educação cristã, MonacatoResumo
Neste artigo, pretendemos examinar a proposta de formação educacional das crianças formulada entre 380 e 386 por João Crisóstomo, quando ocupava o cargo de diácono da congregação de Antioquia, após ter vivido por seis anos na companhia dos monges do Monte Sílpios, ocasião em que travou contato in loco com a vida monástica. Para tanto, analisamos os argumentos de João contidos na obra Adversus oppugnatores vitae monasticae, na qual o autor, ao mesmo tempo que empreende uma defesa incondicional do monacato, estabelece os princípios de uma pedagogia cristã segundo a qual os pais deveriam confiar a educação de seus filhos, não aos rétores ou gramáticos, mas aos monges, os únicos habilitados a fazer deles indivíduos honrados, o que revela o seu estranhamento com a escola greco-romana, cujo currículo era baseado no aprendizado da retórica e da oratória, pedras angulares da paideia, mas tidas por ele como inúteis.
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