Para além de Pandora: o corpo humano e cívico do feminino (séc. V-IV a. C.)
DOI:
https://doi.org/10.29327/2345891.20.20-3Palavras-chave:
Relações de gênero, Corpo feminino, Aristófanes, HipócratesResumo
Da Antiguidade clássica aos nossos dias, o entendimento do corpo foi e ainda é atravessado por marcadores culturais de gênero, os quais conferem sentido às identidades consideradas femininas e masculinas em um dado contexto. Nas sociedades da Grécia Clássica, tais marcadores baseavam-se, em maior ou menor medida, na “raça das mulheres”, uma categoria apartada da humanidade, pois fundada na figura mítica de Pandora. No entanto, os testemunhos textuais do período, notadamente a comédia aristofânica e a medicina hipocrática, nos revelam que tal cânone mítico não cingiu as possibilidades de representação e os usos dos corpos femininos, especialmente em relação às mulheres casadas. Assim, este artigo tem por objetivo demonstrar que tanto Aristófanes quanto Hipócrates expressam um pensamento masculino capaz de incluir o feminino como participante ativo na construção do corpo humano e do corpo cívico ateniense.
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