Retórica e história

a invenção e os lugares-comuns na caracterização do modo de fazer guerra dos bretões do Norte

Auteurs

  • Juliet Schuster Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI :

https://doi.org/10.29327/2345891.21.21-11

Mots-clés :

Historiografia romana, Retórica, Lugares-comuns, Bárbaros, Celtas, Bretões

Résumé

Este artigo tem como objetivo a reflexão sobre o emprego da retórica na escrita histórica dos antigos romanos, particularmente, o uso dos lugares-comuns empregados na descrição dos “outros”. O recorte específico se dá em torno da descrição do modo de fazer guerra dos “bárbaros” celtas e bretões, entre os séculos I e IV d.C. Os bretões do Norte (habitantes do território que hoje corresponde ao norte da ilha britânica) nunca chegaram a ser classificados como celtas pelos escritores antigos. No entanto, foram integrados a este rótulo em tempos modernos. Além de questões linguísticas terem aproximado essas populações, na visão dos intelectuais do século XVIII e XIX, uma forte contribuição para essa associação vem das representações feitas pelos antigos. Através de uma exploração do modo de fazer história, com ênfase no treinamento retórico e nos fins políticos envolvidos nessas descrições, é possível compreender a homogeneidade na representação destes povos habitantes de regiões longínquas no tempo e espaço.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

Documentação textual

ARISTÓTELES, Ética a Eudemo. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2015.

ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2018.

CAESAR. The Gallic war. Translated by H. J. Edwards. Cambridge: Harvard University Press, 1917.

DION CASSIO, Historiae Romanae: Book LXXVII. Tranlated by Earnest Cary, Herbert Baldwin Foster and William Heinemann. London: Harvard University Press, 1914.

DIODORO SÍCULO. Bibliotheca historica. Texto grego editado por Immanel Bekker, Ludwig Dindorf e Friedrich Vogel. Leipzig: Teubneri, 1888-1890.

DIONÍSIO DE HALICARNASSO. Rhōmaikē archaiologia [Das antiguidades romanas]: XIV e XVIII. Texto grego editado por Karl Jacoby. Leipzig: Teubneri, 1885.

ESTRABÓN. Geografia. Traducción de Juan Luis Garcia Alonso, Maria Paz de Hoz Garcia-Bellido y Sofía torallas Tovar. Madrd: Gredos, 2015.

HERODIAN. History of the Roman Empire. Translated by Edward Echols. Berkeley: University of California Press, 1961.

HERÓDOTO. Histórias. Tradução de Maria de Fátima Silva e Cristina Abranches Guerreiro. Lisboa: Edições 70, 2001.

POLÍBIO. Historíai. Texto grego editado por Theodorus Büttner-Wobst. Leipzig: Teubner, 1893.

PTOLOMEU, Geographia. Translated by Edward Luther Stevenson. Londres: Constable, 1991.

QUINTILIANO, Institutio oratória. Tradução para o português de Rafael Falcón. Londres: Novas Edições Acadêmicas, 2015.

SILIUS ITALICUS. Punica. Translated by J. D. Duff. Cambridge: Harvard University Press, 1934.

TÁCITO, Annales. Texto latino. Disponível em: https://www.thelatinlibrary.com/tac.html. Acesso em: 5 jun. 2023.

TÁCITO. De vita et moribus Iulii Agricolae. Texto latino. Disponível em: https://www.thelatinlibrary.com/tacitus/tac.agri.shtml. Acesso em: 5 jun. 2023.

TITO LÍVIO. Ab Urbe condita, XXI e XXXVIII. Texto latino. Disponível em: http://www.thelatinlibrary.com/liv.html. Acesso em: 5 jun. 2023.

Obras de apoio

BREEZE, D. J.; MANN, J. C. Ptolemy, Tacitus and the tribes of north Britain. Proceedings of the Society of Antiquaries of Scotland, n. 117, p. 85-91, 1987.

CAMPO, J. P. Tradicíon e innovación em la imagen polibiana del bárbaro. Studia Historica, n. 22, p. 43-62, 2004.

CONNOLY, J. The new world order: Greek rhetoric in Rome. In: WORTHINGTON, I. (ed.). A companion to Greek Rhetoric. London: Blackwell, 2007, p. 139–165.

DAMON, C. Rhetoric and historiography. In: DOMINIK, W.; HALL, J. (Eds). A companion to Roman rhetoric. London: Blackwell, 2007.

DIETLER, M. “Our ancestors the Gauls”: Archaeology, Ethnic Nationalism, and the manipulation of Celtic identity in Modern Europe. American Anthropologist, New Series, v. 96, n. 3, p. 584-605, 1994.

DUMBAVIN, P. Picts and Ancient Britons: an exploration of pictish origins. Nottingham: Third Millennium Publishing, 1998.

FORNARA, C. W. The nature of history in ancient Greece and Rome. London: University of California Press, 1983.

FOSTER, S. M. Picts, Gaels and Scots: Early Historic Scotland. London: B. T. Batsford Ltd, 2006.

FRASER, J. E. From Caledonia to Pictland. Scotland to 795. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2009.

GREEN, M. (Ed.). The Celtic World. London: Routledge, 1996.

HAYWOOD, J. The Historical Atlas of the Celtic World. London: Thames & Hudson, 2009.

HINGLEY, R. O imperialismo romano: novas perspectivas a partir da Bretanha. São Paulo: Annablume, 2010.

JAMES, S. The Atlantic Celts: ancient people or modern invention? London: British Museum Press, 1999.

KENNEDY, G. A. Historical survey of rhetoric. In: PORTER, S. E. (ed.). Handbook of classical rhetoric in the Hellenistic Period: 330 B.C.-A.D. 400. Leiden: Brill, 2001, p. 3-42.

KOSELLECK, R. Futuro passado. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.

LAIRD, A. The rhetoric of Roman historiography. In: FELDHERR, A. (ed.). The Cambridge companion to the Roman historians. Cambridge: Cambridge University Press, 2009, p. 197-213.

LAUSBERG, H. Elementos de retórica literária. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.

LEFF, M. Commonplaces and argumentation in Cicero and Quintilian. Argumentation, n. 10, p. 445-452, 1996.

LEWIS, C. T.; SHORT, C. A Latin dictionary; founded on Andrews’ edition of Freund’s Latin dictionary. Oxford: Trustees of Tufts University, 1879.

LÓPEZ, J. F. Quintillian as rhetorician and teacher. In: DOMINIK, W.; HALL, J. (ed.). A companion to Roman rhetoric. Malden: Blackwell, 2007, p. 307-322.

MELLOR, R. The Roman historians. London: Routledge, 1999.

MENDES, N. M. Romanização: a historicidade de um conceito. In: CAMPOS, A. P. et al. (org.). Os Impérios e suas matrizes políticas e culturais. Vitória: Flor & Cultura, 2008, p. 37-52.

RANKIN, D. The Celts through classical eyes. In: GREEN, M. (ed.). The Celtic World. London: Routledge, 1996, p. 21-33.

REZENDE, A. M. de. Rompendo o silêncio: a construção do discurso oratório em Quintiliano. 2009. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguístico da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

RITCHIE, J. N. G.; RITCHIE, W. F. The army, weapons and fighting. In: GREEN, M. (ed.). The Celtic World. London: Routledge, 1996, p. 37-58.

SCHUSTER, J. A construção da identidade picta em escritores do Império Romano durante o governo romano na Britannia (43 – 409 d. C.). Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em História) – Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

TODOROV, T. O medo dos bárbaros. Petrópolis: Vozes: 2010.

WELLS, P. S. Los pueblos situados fuera de las fronteras del imperio. In: BISPHAM, E. (ed.). Europa romana. Oxford: Oxford University Press, 2009, p. 334-388.

WITT, C. The “Celts”. In: ERSKINE, A. (ed.). A companion to Ancient History. Oxford: Blackwell, 2009, p. 284-298.

Téléchargements

Publiée

19-09-2023

Comment citer

SCHUSTER, Juliet. Retórica e história: a invenção e os lugares-comuns na caracterização do modo de fazer guerra dos bretões do Norte. Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, [S. l.], n. 21, p. 206–225, 2023. DOI: 10.29327/2345891.21.21-11. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/romanitas/article/view/39772. Acesso em: 17 mai. 2024.

Numéro

Rubrique

Sujet libre