Eugenia e literatura modernista

"supremacia"do mestiço como redenção brasileira?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-20243508

Palavras-chave:

raça, povo, nação

Resumo

Esta pesquisa apresenta um estudo sobre os artigos de opinião de Plínio Salgado e Cassiano Ricardo – publicados no jornal Correio Paulistano – enquanto consumo cultural das posições de José Vasconcelos sobre a “raça cósmica”. É importante destacar, ainda, que os artigos de opinião tratados aqui traçaram as linhas mestras do verde-amarelismo. Problematizamos, também, como o modernismo verde-amarelo propôs outra reinterpretação da eugenia, que valorizava a contribuição do indígena, do africano e do imigrante europeu na formação racial brasileira. Em seguida, analisamos como as posições sobre miscigenação expostas nesses textos serviram de pano de fundo para inspirar a escrita do poema Martim Cererê (1927), de Cassiano Ricardo. Assim, levando em consideração o predomínio das teorias do branqueamento nos primeiros anos do século XX, defendemos que as apropriações das teses vasconcelianas pelos dois escritores modernistas produziram outro resultado como, por exemplo, a “raça cósmica” como valorização da mestiçagem em contraposição à raça pura.

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Biografia do Autor

George Leonardo Seabra Coelho, Universidade Federal do Tocantins

Possui graduação - Bacharelado e Licenciatura - em História pela Universidade Federal de Goiás (2006), mestrado em História pela Universidade Federal de Goiás (2010) e doutorado em História pela Universidade Federal de Goiás (2015). Fez estágio pós-doutoral em História na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), na Universidade Federal de Goiás (UFG) e na Universidade Federal do Tocantins (UFT). Atualmente é Professor Adjunto no curso de Licenciatura em História da UFT-Porto Nacional e coordenador do PPGHispam-UFT. Também é coordenador do Núcleo de estudos Afro-brasileiros da UFT-Porto Nacional.Tem experiência na área de ensino de História, fotográfica, Literatura e História, com ênfase em História do Brasil e Literatura Modernista atuando principalmente nos seguintes temas: discurso e poder, literatura modernista, projetos de integração e pensamento autoritário brasileiro. Também desenvolve pesquisa abordando as relações entre Mídias, tecnologias e História, criador e líder do Grupo de Pesquisa em Mídias, tecnologias e História (MITECHIS). É Editora da revista Antígona (2763-9533), criador e Editor da revista Convergências: Estudos em Humanidades Digitais (2965-2758) e parecerista em mais de dez periódicos nacionais.

Márcia Regina da Silva Ramos Carneiro, Universidade Federal Fluminense - UFF

Professora Associada, lotada no Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense, atuando no Departamento de História nas Disciplinas História do Brasil Republicano e História Econômica Geral (Curso de Ciências Econômicas). Participa do Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Ensino de História - ProfHistória -UFF e do Programa de Pós-Graduação Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas (PPGDAP) da UFF/Campos. Possui Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Graduação em História (UFF); Especialização em História do Brasil, Mestrado em História Social e Doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Atua em pesquisa, principalmente, nos seguintes temas: História e Memória, Cultura e História, militância política, pensamento integralista, estudo das questões de gênero, especialmente acerca das concepções/representações do Ser biológico e Político/Cartesiano: a Mulher, História Política e da Ciência. Coordenadora do Laboratório de Estudos das Direitas e do Autoritarismo (LEDA) e do Laboratório de Estudos da Imanência e da Transcendência (LEIT), desenvolvendo estudos de Ética, da Estética e da Dialética. Editora da Coluna; "Práxis, Poiésis & Theoria" da Revista ContemporArtes (UFABC/SP).Pós-Doutorado pelo PPG em Educação da Universidade Federal Fluminense, com o tema: "Gnoses e Escatologias integralistas brasileiras: O Pensamento Brasileiro na síntese integralista: dogma e temporalidades geracionais", sob supervisão do Professor Doutor Giovanni Semeraro.

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Publicado

27-05-2024

Como Citar

SEABRA COELHO, George Leonardo; DA SILVA RAMOS CARNEIRO, Márcia Regina. Eugenia e literatura modernista: "supremacia"do mestiço como redenção brasileira? . Revista Ágora, Vitória/ES, v. 35, p. e-20243508 , 2024. DOI: 10.47456/e-20243508. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/43296. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Modernismos no Brasil ao longo do século XX