O uso de ameaças em uma audiência no Juizado Especial Criminal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v16i35.39043

Palavras-chave:

Fala-em-interação institucional, Ameaças, Juizado Especial Criminal

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar o uso de ameaças na fala da conciliadora em uma audiência preliminar no Juizado Especial Criminal de uma cidade de Minas Gerais. Para tanto, adotam-se os referenciais teórico-metodológicos da Análise da Conversa (SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 1974; DREW; HERITAGE, 1992) e da Sociolinguística Interacional (GUMPERZ, 2002[1982], 1999; GOFFMAN, 1974, 2002[1979]). O trabalho é de cunho qualitativo-interpretativo (DENZIN; LINCOLN, 2006), e os dados foram transcritos seguindo as convenções do modelo Jefferson (LODER, 2008). A geração e a análise dos dados foram auxiliadas pelo conhecimento etnográfico obtido não só por meio de entrevistas, diários de campo, conversas informais etc., como também pela convivência etnográfica da pesquisadora como integrante da comunidade e conhecedora da cultura e dos costumes. Os resultados mostram que as ameaças são do tipo condicional diretivo-comissivo, estruturadas como silogismo formal, e atuam no cumprimento do mandato institucional (MAYNARD, 1984) para dar continuidade às tarefas previstas para aquela situação de fala.

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Biografia do Autor

Sarah Matos Rocha Mesquita, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Mestra em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde atualmente cursa Doutorado. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas de linguagem em contextos legais (CNPq).

Ana Paula Cristina da Silva, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Mestra em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde atualmente cursa Doutorado. É bolsista CAPES e membro do Grupo de Pesquisa Práticas de linguagem em contextos legais (CNPq).

Amitza Torres Vieira, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutora em Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e mestra em Linguística pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística e da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Práticas de linguagem em contextos legais (CNPq).

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Publicado

29-12-2022