A POSPOSIÇÃO DO SUJEITO E A ERGATIVIDADE CINDIDA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Abstract
A ordem verbo-sujeito do português do Brasil tem sido estudada sob diferentes perspectivas teóricas. Sabe-se, em função dos diversos estudos realizados até então, que, comparativamente à ordem sujeito-verbo, a ordem verbo-sujeito é bem menos frequente. Sabe-se, ainda, que as ocorrências da ordem verbo-sujeito estão preferencialmente atreladas a verbos monoargumentais e a sintagmas nominais geralmente não humanos e inanimados. Em relação às funções desempenhadas no discurso, os achados indicam que a ordem verbo-sujeito tende a ser empregada, introduzindo informações novas, sujeitas a se transformarem em tópico na sequência do discurso, e como participante de um esquema organizacional das narrativas, veiculando eventos e situações sem tópico, no plano de fundo, que, em geral, não são retomados na progressão discursiva. Neste trabalho, pautado teoricamente na Linguística Funcional e em dados extraídos da fala de 10 informantes, cujas entrevistas integram a Amostra Censo (Projeto Censo da Variação Linguística no Rio de Janeiro, PEUL/UFRJ), demonstramos que se observa no português brasileiro uma tendência a relacionar o sujeito de construções monoargumentais pouco transitivas ao objeto de construções com mais de um argumento e com alto grau de transitividade, o que constitui uma evidência de que, no que diz respeito a tais construções, o português do Brasil comporta-se como uma língua de ergatividade cindida.
Downloads
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors assign the copyright of the article to the publisher of Revista (Con)Textos Linguísticos (Graduate Program in Linguistics, Ufes), if the submission is accepted for publication. Responsibility for the content of articles rests exclusively with their authors. The full or partial submission of the text already published in this periodical to any other periodical is prohibited.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.