Construções de gerúndio em posição de Tópico na fala espontânea da variedade mineira do português
DOI:
https://doi.org/10.47456/rctl.v18i41.45192Palavras-chave:
Construções de Gerúndio na fala espontânea, Posição na unidade Tópico, Espaços mentais, Estrutura sintático-semântico-pragmática, Construções GramaticaisResumo
Este trabalho investiga construções de gerúndio da variedade mineira do Português do Brasil na unidade entonacional/informacional Tópico, em contexto de uso. Como procedimento metodológico, utiliza-se o mini-corpus de fala espontânea do C-ORAL-BRASIL I (Raso; Mello, 2012). Busca-se respaldo em teorias que integram a Linguística Cognitiva, em especial a dos Espaços Mentais (Fauconnier, 1994; 1997), cujo escopo abarca o entendimento de certas expressões linguísticas como construtoras de domínios instáveis do discurso. Parte-se da hipótese de que tais construções abrem ou retomam espaços mentais específicos, as quais interferem na temática dos rumos discursivos das conversações estudadas. No corpus, encontraram-se orações gerundiais não-finitas (“passando o tempo lá”) e finitas (“mas se tivesse fazendo qualquer raiva”), sendo que as primeiras se referem a informações ativas e as segundas, a informações inativas. Sintaticamente, apresentam maior ou menor dependência relativamente ao Comentário posposto à unidade Tópico. Além disso, as estruturas com o Gerúndio são pareamentos entre forma-significado nos termos propostos por Goldberg (1995; 2006), ou seja, essas estruturas são Construções Gramaticais. Pragmaticamente, funcionam como cenário de fundo, com valor aspectual de evento em andamento ou presentificado, cujo tempo verbal pode estar no presente, no passado e no futuro, ou mesmo atemporal.
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