Bypass gástrico videolaparoscópico versus aberto no Sistema Único de Saúde

devemos parar de operar por laparotomia?

Autores

  • Paulo Henrique Oliveira de Souza Universidade Federal do Espírito Santo https://orcid.org/0000-0002-8106-6372
  • Gustavo Peixoto Soares Miguel Universidade Federal do Espírito Santo
  • Iara Moscon Universidade Federal do Espírito Santo https://orcid.org/0000-0002-3329-3570
  • Luana Borges Segantine Martins Universidade Federal do Espírito Santo
  • Clarissa Carlini Frossard Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.47456/rbps.v26i1.44820

Palavras-chave:

Obesidade, Cirurgia bariátrica, Cirurgia laparoscópica, Sistema Único de Saúde

Resumo

Introdução: o bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR) por videolaparoscopia (VLP), embora apresente melhores resultados, não foi comparado à técnica aberta no SUS e não é devidamente custeada. Objetivo: avaliar segurança e eficácia do BGYR por VLP no SUS e comparar com a via laparotômica (LPT). Métodos: coorte retrospectivo, unicêntrico, com 106 pacientes submetidos a BGYR, sendo 34 submetidos por VLP e 72 por LPT. Foram analisados dados antropométricos, reinternações e complicações. Resultados: 82,1% pacientes femininas, média de idade de 43,01 anos, índice de massa corporal (IMC)=45,05kg/m² e seguimento de 17,57 meses. O IMC era menor no grupo VLP (42,31 x 46,35kg/m²; p=0,003), que também apresentava maior perda ponderal pré-operatória (6,94 x 4,12%; p=0,016), menor média de idade (36,53 x 46,07 anos; p=0,000) e menor tempo de anestesia (217,93 x 274,15min, p<0,00). No pós-operatório, o IMC do grupo VLP é de 29,46 vs. 32,22kg/m² no grupo LPT (p=0,014) e a perda de excesso de IMC (PEIMC)=81,01% vs. 68,20% (p=0,023). O grupo LPT apresentou mais complicações gerais (54,2 x 38,2%; p>0,05) e mais complicações Clavien-Dindo ≥III (48,7 x 15,4%; p=0,034). As reinternações foram mais frequentes no grupo LPT (9,7% x 2,9%), que também apresentou maior incidência de hérnia incisional (9,7%), hérnia interna (2,8%) e complicações de ferida operatória (12,5%), parâmetros com incidências nulas no grupo VLP (p>0,05). Conclusão: o BGYR por VLP no SUS é seguro e eficaz. Os pacientes do grupo VLP apresentam menor incidência de complicações graves, mortalidade, reinternações e reoperações.

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Publicado

18.12.2024

Como Citar

1.
Oliveira de Souza PH, Peixoto Soares Miguel G, Moscon I, Borges Segantine Martins L, Carlini Frossard C. Bypass gástrico videolaparoscópico versus aberto no Sistema Único de Saúde: devemos parar de operar por laparotomia?. RBPS [Internet]. 18º de dezembro de 2024 [citado 22º de dezembro de 2024];26(1):e44820. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/44820

Edição

Seção

Artigos Originais