Corpos dissidentes e os sons do silêncio

reflexões sobre a música da branquitude na belle époque de Fortaleza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-20243505

Palavras-chave:

Belle Époque, música, branquitude

Resumo

Temos como objetivo debater a opressão sistêmica aos corpos dissidentes propagada na música da branquitude na Belle Époque de Fortaleza. Compreendemos, antes de mais nada, a Belle Époque como um discurso que opera dentro da lógica da colonialidade, impondo um padrão de dominação desenvolvido pela modernidade. Esse padrão incide na realidade dos corpos colocados em dissidência em relação às estruturas de poder e à branquitude enquanto uma racialidade historicamente construída como uma ficção de superioridade que beneficia material e simbolicamente pessoas brancas. Os documentos analisados são músicas registradas em partituras e discos de 78 rpm, além de correspondências, livros de música e periódicos. Refletimos sobre essas questões com base na leitura de autores do Giro Decolonial, dos Estudos Pós-Coloniais e dos Feminismos Interseccionais.

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Biografia do Autor

Ana Luiza Rios Martins, Universidade Aberta do Brasil UAB-UECE

Doutora em História - UFPE (2019), com bolsa CNPq; Mestre em História - UECE (2012), com bolsa CAPES; Especialista em História do Brasil - INTA (2009) e Graduada em História - UVA (2008). Leciona no curso de Graduação em História da UAB-UECE e Especialização em História do Brasil da UVA-IDJ. Participa do Grupo de Pesquisa DÍCTIS - Laboratório de Estudos e Pesquisa em História e Culturas e do Grupo de Pesquisa CORPUS - Grupo de Estudos e Pesquisas em História dos Corpos e das Sensibilidades, ambos vinculados ao CNPq. Coordena o GT de História Cultural da Anpuh-CE. Tem experiência na área de História, com ênfase em História e Música, Teoria e Metodologia da História e História da Historiografia.

Emílio Fernandes, Universidade Federal do Ceará - Secretaria de Educação do Estado do Ceará

Mestre em Ensino de História (ProfHistória-UFC); Especialista em História do Brasil (2015); Graduado em História (2011). Também possui formação em violoncelo pelo Conservatório Dramático e Musical de Tatuí-SP, com experiência em música de concerto (tanto de câmara quanto sinfônica) e ensino do instrumento. Como violoncelista, participou de várias orquestras pelo Brasil, como a da Universidade do Sagrado Coração (USC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Orquestra de Câmara do SESI-CE, Orquestra Sinfônica de Tatuí, Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu e diversos grupos de música de câmara. Trabalhou como professor de música da classe de violoncelo e teoria musical, e como regente fundador da Orquestra de Câmara do Núcleo de Artes, Educação e Cultura da prefeitura do Eusébio. Tem experiência na área de pesquisa (com ênfase em História e Música) e no Ensino de História como professor da rede pública estadual do Ceará.

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Publicado

13-05-2024

Como Citar

RIOS MARTINS, Ana Luiza; ALBUQUERQUE FERNANDES, Emílio. Corpos dissidentes e os sons do silêncio: reflexões sobre a música da branquitude na belle époque de Fortaleza. Revista Ágora, Vitória/ES, v. 35, p. e-20243505, 2024. DOI: 10.47456/e-20243505. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/42132. Acesso em: 30 dez. 2024.

Edição

Seção

Modernismos no Brasil ao longo do século XX