A MATERIALIZAÇÃO PROSÓDICA DE ESTRUTURAS DESGARRADAS COMPARADA A DE TÓPICOS E CLIVAVAS

REFLEXÕES PRELIMINARES

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v14i28.31339

Palabras clave:

Desgarramento, Prosódia, Estratégias de Focalização

Resumen

Decat (1999; 2009; 2011) postula o fenômeno do desgarramento e afirma que o uso de estruturas “soltas” funciona como estratégia de focalização para atender a objetivos comunicativos e discursivos, sendo comparável à topicalização e à clivagem. Com base nisto, este trabalho objetiva averiguar se estruturas desgarradas apresentam pistas prosódicas que as assemelhem às já descritas para tópicos e clivadas no Português do Brasil, fornecendo evidência fonológica à estratégia sintática. Para tal, são utilizados os pressupostos teóricos da Fonologia Prosódica (NESPOR; VOGEL, 1986) e da Fonologia Entoacional (PIERREHUMBERT, 1980; LADD, 2008) e analisadas gravações feitas com base em exemplos retirados de Decat (2011). A análise, feita no programa computacional PRAAT (BOESMA; WEENICK, 2015), verificou os parâmetros acústicos de frequência fundamental (F0), pausa e duração em estruturas desgarradas e em estruturas anexadas formalmente à oração matriz, a fim de que se pudesse proceder à comparação dos dados. Os resultados revelam que o “contorno final” e a presença de pausa, descritos por Decat (2011) como possivelmente caracterizadores de cláusulas desgarradas, são traços comuns em todas as estruturas analisadas e não evidenciam, fonologicamente, o desgarramento. Entretanto, uma maior duração das pausas antes das desgarradas pode ser indício de uma estrutura sintaticamente diversa.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Ana Carolina Barros Gonçalves, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Graduanda em Letras - Português/Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Aline Silvestre, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Doutora e mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com estágio doutoral na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (U.Lisboa); graduada em Letras - Português/Literaturas pela mesma instituição. É professora do Departamento de Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da UFRJ.

Citas

BOESMA, P.; WEENICK, D. Praat: doing phonetics by computer [programa de computador]. Versão 5.4.08. Amsterdam: Universiteit van Amsterdam; 2015. [citado 16 abr. 2015]. Disponível em: www.praat.org.

CASTELO, J. Entoação dos enunciados declarativos e interrogativas no português do Brasil: uma análise fonológica ao longo da costa atlântica. 2016. Tese - Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2016.

CHAFE, W. L. The deployment of consciousness in the production of a narrative. In: CHAFE, W. L (Ed.). The Pear Stories: cognitive, cultural, and linguistic aspects of narrative production. Norwood: Ablex; 1980.

CHAFE, W. L. Discourse, consciousness, and time: the flow and displacement of conscious experience in speaking and writing. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.

CUNHA, C. S. Entoação regional no português do Brasil. 2000. Tese - Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000.

DECAT, M. B. N. Por uma abordagem da (in)dependência de cláusulas à luz da noção de ‘unidade informacional’. Scripta, v. 2, n. 4, p. 23-38, 1999.

DECAT, M. B. N. A função focalizadora de estruturas “desgarradas” no português falado e escrito: um estudo funcionalista de orações em sua ocorrência como enunciado independente. In: SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA, 2, 2009, Évora. Anais... Évora, 2009. p.114-134.

DECAT, M. B. N. Estruturas Desgarradas em Língua Portuguesa. Campinas: Pontes Editora, 2011.

FERNANDES-SAVARTMAN, F. R. Ordem, focalização e preenchimento em português: sintaxe e prosódia. 2007. Tese - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

FERNANDES-SAVARTMAN, F. R. A entoação das sentenças clivadas em Português Brasileiro e a interface sintaxe-fonologia. Filologia e Linguística Portuguesa, v. 14, n. 1, 2012.

LADD, R. Intonational phonology. Cambrige: Cambridge University Press, 2008.

MOARES, J.; ORSINI, M. Análise prosódica das construções de tópico no português do Brasil: estudo preliminar. Letras Hoje, Porto Alegre, v. 38, n. 4, p. 261-272, 2003.

NEVES, M. H. M. As construções causais. In: NEVES, M. H. M. (Org.). Gramática do português falado. v. 7. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP; Campinas: Editora da Unicamp, 1999.

RODRIGUES, V. V. Desgarramento de cláusulas em português: usos e descrição. São Paulo: Blucher, 2019.

SERRA, C. R. Realização e percepção de fronteiras prosódicas no português do Brasil: fala espontânea e leitura. 2009. Tese - Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

SILVESTRE, A. P. S.; RODRIGUES, V. V. O 'Desgarramento' de cláusulas comparativas e a interface sintaxe-prosódia. In: JORNADA NACIONAL DO GELNE, 25, 2014, Natal. Anais da XXV Jornada Nacional do GELNE. Natal: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - EDUFRN, 2014. p. 1-11.

SILVESTRE, A. P. S. Contributos do estudo sobre o desgarramento na língua falada para a descrição do fraseamento prosódico no Português Brasileiro. Filologia E Linguística Portuguesa, v. 20, n. esp., p. 71-94.

SILVESTRE, A. P. S. “Se eu pudesse e se o meu dinheiro desse...”: desgarramento e prosódia no Português Brasileiro e no Português Europeu. 2017. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

SILVESTRE, A. P. S. A entoação regional dos enunciados assertivos nos falares das capitais brasileiras. 2012. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

STEIN, C. C. A pré-indicação prosódica para as orações subordinadas adverbiais no português brasileiro e no francês. 2008. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

YANO, C.; FERNANDES-SVARTMAN, F. Um estudo preliminar sobre a prosódia de construções com tópico e foco no português paulista. Entrepalavras, Fortaleza, v. 10, n. 1, p. 256-282, 2020.

TENANI, L. E. Pausa é vírgula? Vírgula é pausa? Pausa não necessariamente implica vírgula na escrita. Revista Roseta, 2020. Disponível em: http://www.roseta.org.br/pt/2020/05/06/pausa-e-virgula-virgula-e-pausa/.

Publicado

14-10-2020