Políticas linguísticas em Angola
o silenciamento das línguas nacionais
DOI:
https://doi.org/10.47456/rctl.v18i41.45391Palabras clave:
Políticas linguísticas, Colonização linguística, Línguas nacionais, AngolaResumen
Este artigo propõe refletir sobre as políticas linguísticas implementadas em Angola que fomentaram o silenciamento das línguas nacionais, a partir da análise das ações implementadas no período da colonização portuguesa, sobretudo em meados do século XX, e no pós-independência do país, materializadas nos documentos oficiais. Assim, o presente trabalho se enquadra no campo das Políticas linguísticas, nos termos Severo (2013), e discute a colonização linguística, como proposto por Mariani (2003, 2004, 2011). No século XX, os colonizadores de expressão portuguesa usaram a política do Estatuto do indigenato e a política assimilacionista de Salazar, analisadas no presente trabalho, como ferramentas que tinham a finalidade de hegemonizar a língua portuguesa e desvalorizar as diferentes línguas nacionais angolanas. No pós-independência, as reformas curriculares seguiram a mesma perspectiva colonialista. Considerando as questões analisadas, concluiu-se que as políticas linguísticas, mesmo do pós-independência, os parâmetros ideológicos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o projeto um só povo uma só nação, a educação escolar implementada no território angolano teriam provocado e motivado a tentativa da desvalorização da diversidade linguística e cultural nos contextos escolares e fora deles, colocando, assim, as línguas nacionais angolanas num lugar inferiorizado e marginalizado.
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