Ousar se revoltar

ativismo digital e resistência de mulheres negras no Instagram

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cl.v17i36.40249

Palavras-chave:

Discurso racista, Memória discursiva, Rede social Instagram, Resistência discursiva

Resumo

Historicamente, a mulher negra brasileira tem sofrido opressão de uma sociedade machista e que tem o racismo como forma sistemática de discriminação. Entretanto, as mídias digitais, enquanto espaço discursivo e de embates ideológicos, são ocupadas para os contradiscursos e confrontos. Apoiando-se na Análise de Discurso (AD) pêcheuxtiana, este trabalho visa analisar o funcionamento dos gestos de resistência de mulheres negras brasileiras ao discurso racista e machista, na rede social Instagram. Buscamos também compreender como esses discursos são afetados pelas condições de produção/circulação dessa rede. Utilizamos o recurso do print screen (captura de tela) para formar um arquivo de materialidades digitais e recortamos duas Sequências Discursivas (SDs), que constituem o corpus discursivo. Nos gestos analíticos, observamos o funcionamento de um jogo de forças da memória dos discursos racista e machista, que se atualizam na/em rede com efeitos de (des)estabilização, confrontos discursivos e resistência.

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Biografia do Autor

Monik Santana, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); especialista em Comunicação e Marketing Empresarial pela Faculdade Juvêncio Terra; graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela UESB.

 

Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)

Doutora e mestra em Letras/Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); graduada em Letras pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). É professora do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UESB.

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Publicado

31-07-2023