O silêncio como resposta no mundo corporativo

empréstimos neológicos com a base quiet

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/rctl.v18i41.45974

Palavras-chave:

Empréstimos de língua inglesa, Neologia, Composição, Domínio corporativo

Resumo

O objetivo do presente trabalho é refletir sobre alguns neologismos por empréstimo de língua inglesa que estão em uso na comunicação do domínio empresarial em língua portuguesa. As unidades analisadas constituem compostos com a base adjetival quiet, que encabeça formações na estrutura quiet-X. Nessa estrutura, X é um substantivo e se estabelece como núcleo semântico do composto, como em quiet vacation e quiet ambition. O arcabouço teórico baseia-se em Pruvost e Sablayrolles (2003), Cabré (1993), Crystal (2003), Faraco (2001), Viana (2023), entre outros. Os procedimentos metodológicos pautam-se nos princípios convencionalmente adotados nos trabalhos em Neologia, que envolvem a coleta do corpus, o contraste com um corpus de exclusão, a detecção e validação dos neologismos e a análise dessas unidades. O corpus é composto por textos do gênero jornalístico que datam de 2020 a 2024 e por posts da rede social X. A detecção dos candidatos a neologismo foi feita de forma automática por um Extrator de neologismos, para posterior validação manual. Semanticamente, as unidades analisadas revelam diferentes acepções da base adjetival quiet na série de compostos; culturalmente, as unidades refletem a supervalorização do desempenho e da produtividade no mundo corporativo, externando práticas que espelham um descontentamento generalizado por parte dos indivíduos desse grupo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rômulo Ferreira dos Santos, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Estudante de Licenciatura em Letras – Inglês pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), membro do projeto “Neologia: aspectos lexicais, culturais e extração automática”, bolsista CNPq.

Ana Maria Ribeiro de Jesus, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Professora do Departamento de Línguas e Letras e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Coordenadora do projeto “Neologia: aspectos lexicais, culturais e extração automática”.

Referências

ALBORNOZ, S. A educação dos educadores. São Paulo: Cortez, 2000.

ALVES, I. M. A integração dos neologismos por empréstimo ao léxico português. Alfa, São Paulo, v. 28 (supl.), p. 19–126, 1984.

ALVES, I. M. Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 2004.

ALVES, M. J.; TIMBANE, A. A. A dinâmica do português brasileiro na imprensa escrita: o caso de empréstimos e estrangeirismos lexicais. A Cor das Letras, v. 18, p. 8, 2017.

ANTUNES, R. O Privilégio da Servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2019.

ANTUNES, R.; FILGUEIRAS, V. Plataformas digitais, Uberização do trabalho e regulação no Capitalismo contemporâneo. Contracampo, v. 39, n. 1, p. 27–43, 2020. Disponível em: https://periodicos.uff.br/contracampo/article/view/38901/pdf. Acesso em: 20 jul. 2024.

AUGER, P. Néologicité et extraction néologique automatisée. In: CABRÉ, M. T. et al. (ed.). Actes del I Congrés Internacional de Neologia de les Llengües Romàniques. Barcelona: IULA; Documenta Universitaria, 2010.

BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 20 jul. 2024.

CABRÉ, M. T. La terminología: teoría, metodología, aplicaciones. Barcelona: Editorial Antártida; Empúries, 1993.

CARVALHO, N. Empréstimos linguísticos na língua portuguesa. São Paulo: Cortez, 2009.

CRYSTAL, D. English as a global language. 2. ed. New York: Cambridge University Press, 2003.

DELLA FONTE, S. S. Formação no e para o trabalho. Educação Profissional e Tecnológica em Revista, v. 2, p. 6–19, 2018.

FARACO, C. A. Empréstimos e neologismos: uma breve visita histórica. Alfa: Revista de Linguística, São Paulo, v. 45, 2001.

GONÇALVES, C. A. V.; AFFONSO Jr., M. R. Das caipivodcas às caipitours: um estudo sobre o splinter caipi- à luz da Morfologia Construcional. In: SOLEDADE, J.; SIMÕES NETO, N. (org.). Morfologia Construcional: avanços em língua portuguesa. Salvador: EDUFBA, 2022, v. 1, p. 237–258.

GUILBERT, L. Théorie du néologisme. Cahiers de l'Association Internationale des Études Françaises, v. 25, p. 9–29, 1972.

HAN, B-C. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015.

HAN, B-C. Byung-Chul Han: “Hoje o indivíduo se explora e acredita que isso é realização”. [Entrevista concedida a] Carles Geli. El Pais, Barcelona, 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/07/cultura/1517989873_086219.html.

JESUS, A. M. R. Princípios metodológicos para a detecção de neologismos da comunicação digital. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 50, n. 1, 2021.

KUSSLER, L. M.; LEEUVEN, L. V. Da alienação em Marx à sociedade do cansaço em Han: fantasia e realidade dos trabalhadores precarizados. Cantareira, v. 34, p. 406–417, 2021.

LÉTURGIE, A. À propos de l’amalgamation lexicale en français. Langage, n. 183, p. 75–88, 2011.

MACHADO, L. Greve dos entregadores: o que querem os profissionais que fazem paralisação inédita. BBC Brasil, São Paulo, 1º de julho de 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53124543. Acesso em: 20 set. 2020.

MARCUSE, H. Eros e civilização. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

PRUVOST, J.; SABLAYROLLES, J-F. Les Néologismes. Que sais-je? 4. ed. Paris: 2019 [2003].

RODRIGUES, C. M. X. Empréstimos, estrangeirismos e suas medidas. Alfa, São Paulo, v.36, p. 99–109, 1992.

ROSSI, P. O nascimento da ciência moderna na Europa. Bauru: Edusc, 2001.

VIANA, M. S. A psicopolítica em Byung-Chul Han: introdução para a crítica das novas tecnologias-inovações de poder. Interseções, v. 53, p. 2–13, 2023.

VIEIRA, R. S. G.; SANTOS, R. M.; ALMEIDA, S. L. O Trabalho: tripalium ou uma busca por significados e realizações?. Cadernos GEPE, v. 1, p. 1–22, 2024.

XATARA, C. M. Estrangeirismos sem fronteira. Alfa, v. 45, p. 149–154, 2001.

Arquivos adicionais

Publicado

23-12-2024