“Não é Brechó, é Loja”
Articulações Físicas e Discursivas no Campo de Comércio de Vestuário de Luxo de Segunda Mão
DOI:
https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2023.12.1.38624.27-48Palavras-chave:
Luxo, Brechó, Vestuário de segunda mãoResumo
Este artigo relata resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi compreender como são articulados o conceito de uma loja de luxo ao empreendimento conhecido como brechó, que comercializa vestuário de luxo de segunda mão. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, utilizando as técnicas de observação direta e a entrevista com treze pessoas, entre elas proprietárias de lojas e consumidoras do segmento. As entrevistas foram submetidas à Análise Crítica do Discurso proposta por Fairclough (2001). Os resultados do estudo revelam que as lojas são dispostas em espaços físicos e simbolicamente privilegiados pelas elites, buscando constituírem ou reafirmarem suas posições como representantes autênticas do luxo. Com isso, as lojas articulam a construção de uma indissociação com o universo do luxo, mais requintado e seletivo na medida em que buscam se distanciar da imagem estigmatizada dos brechós.
Downloads
Referências
Amatulli, C., Pini, G., Angelis, M. D., & Cascio, R. (2018). Understanding purchase determinants of luxury vintage products. Psychology and Marketing, 35(8), 616–624. https://doi.org/10.1002/mar.21110
Appelgren, S., & Bohlin, A. (2015). Growing in motion: the circulation of used things on second-hand markets. Culture Unbound, 7, 143-168. https://doi.org/10.3384/cu.2000.1525.1571143
Baker, S. E. (2012). Retailing retro: class, cultural capital and the material practices of the (re)valuation of style. European Journal of Cultural Studies, 15(5), 621-641. https://doi.org/10.1177/136754941244575
Barbosa, L. (2004). Sociedade de consumo. Jorge Zahar.
Belk, R. W. (1988). Possessions and the ‘extended self’. Journal of Consumer Research, 15(2), 139-168. https://doi.org/10.1086/209154
Belk, R. W., Sherry Jr., J. F., & Wallendorf, M. (1988). A naturalistic inquiry into buyer and seller behavior at a swap meet. Journal of Consumer Research, 14(4), 449-470. http://doi.org/10.1086/209128
Bergamo, A. (1998). O campo da moda. Revista de Antropologia. 41(2). https://doi.org/10.1590/S0034-77011998000200005
Berry, C. J. (1994). The Idea of luxury: a conceptual and historical investigation. Cambridge University Press.
Bourdieu, P. (2007). A distinção: crítica social do julgamento. (D. Kern, & G. J. R. Teixeira Trad.). Edusp & ”Zouk.
Bourdieu, P., & Delsaut, Y. (2015). O costureiro e sua grife. A produção da crença. (3a ed., pp. 113-190). Zouk.
Boston Consulting Group - BCG, & Altagamma. (2019). True-Luxury Global Consumer Insight. 6th edition. Milano, Italy. https://media-publications.bcg.com/france/True-Luxury%20Global%20Consumer%20Insight%202019%20-%20Plenary%20-%20vMedia.pdf.
Cassidy, T. D., & Bennett, H. R. (2012). The Rise of Vintage Fashion and the Vintage Consumer. Fashion Practice, 4(2), 239-262. https://doi.org/10.2752/175693812X13403765252424
Castarède, J. (2005). O Luxo: os segredos dos produtos mais desejados do mundo. (M. Vilela Trad.). Editora Barcarolla.
Cervellon, M. C., Carey, L., & Harms, T. (2012). Something old, something used: Determinants of women’s purchase of vintage fashion vs second-hand fashion. International Journal of Retail & Distribution Management, 40(12), 956-974. https://doi.org/10.1108/09590551211274946
Chouliaraki, L., & Fairclough, N. (1999). Discourse in late modernity: rethinking critical discourse analysis. Edinburgh University Press.
D’Angelo, A. C. (2006). Precisar, não precisa: um olhar sobre o consumo de luxo no Brasil. Lazuli.
De Barnier, V., Falcy, S., & Valette-Florence, P. (2012). Do consumers perceive three levels of luxury? A comparison of accessible, intermediate and inaccessible luxury brands. Journal of Brand Management, 19(7), 623–636. https://doi.org/10.1057/bm.2012.11
Douglas, M. & Isherwood, B. (2004). O mundo dos bens: Para uma antropologia do consumo. Editora UFRJ.
Fairclough, N. (2003). Analysing discourse: textual analysis for social research. Routledge.
Fairclough, N. (2001). Teoria social do discurso. (Cap. 3, pp. 89- 131) Discurso e mudança social. Editora Universidade de Brasilia.
Galhanone, R. F. (2013). Valor percebido pelo consumidor de produtos de luxo: proposição de um modelo teórico. [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo]. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-03062013-152622/publico/RenataFernandesGalhanoneVC.pdf
Goffman, E. (1971). Relations in Public: microstudies of the public order. Basic Books.
Guiot, D., & Roux, D. (2010). A second-hand shoppers’ motivation scale: antecedents, consequences, and implications for retailers. Journal of Retailing, 86(4), 355-371. https://doi.org/10.1016/j.jretai.2010.08.002
Hansen, K. T. (2000). Salaula: The world of secondhand clothing and Zâmbia. University of Chicago Press.
Haggblade, S. (1990). The flip side of fashion: used clothing exports to the third world. Journal of Development Studies, 26(3), 505-521. https://doi.org/10.1080/00220389008422167
Kapferer, J. (2012). Abundant rarity: the key to luxury growth. Business Horizons, 55(5), 453–462. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.04.002
Kapferer, J. & Bastien, V. (2009). The specificity of luxury management: turning marketing upside down. Journal of Brand Management, 16(5-6), 311–322. https://doi.org/10.1057/bm.2008.51
Kapferer, J. & Laurent, G. (2016). Where do consumers think luxury begins? A study of perceived minimum price for 21 luxury goods in 7 countries. Journal of Business Research, 69(1), 332-340. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.08.005
Kessous, A. & Valette-Florence, P. (2019). “From Prada to Nada”: Consumers and their luxury products: A contrast between second-hand and first-hand luxury products. Journal of Business Research, 102, 313-327. https://doi.org/ 10.1016/j.jbusres.2019.02.033
Lipovetsky, G., & Roux, E. (2005). O luxo eterno: da idade do sagrado ao tempo das marcas. (M. L. Machado Trad.). Companhia das Letras.
McCracken, G. (2003). Cultura e Consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad.
Migueles, C. (2007). Introdução. In: C. Migueles, (Org). Antropologia do consumo: casos brasileiros. Editora FGV.
Miller, D. (2013). Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre a cultura material. (A, Renato Trad.). Rio de Janeiro.
O’Reilly, L., Rucker, M., Hughes, R., Gorang, M., & Hand, S. (1984). The relationship of psychological and situational variables to usage of a second-order marketing system. Journal of The Academy of Marketing Science, 12(3), 53-76.
Pinto, M. R., & Freitas, R. C. (2017). Em busca de uma articulação entre técnicas projetivas, análise do discurso e os estudos do consumo. Organizações & Sociedade, 24(80), 157–176. https://doi.org/10.1590/1984-9230808
Ramalho, V., & Resende, V. (2011). Análise de discurso (para a) critica: O texto como material de pesquisa. Pontes.
Ricardo, L. H. K. (2008, 29 de setembro a 02 de outubro de 2008). O passado presente: um estudo sobre o consumo e uso de roupas de brechó em Porto Alegre (RS). 4º Colóquio de Moda, FEEVALE, Novo Hamburgo, RS, Brasil. http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202008/42379.pdf
Richardson, R. J. (1999). Pesquisa Social: métodos e técnicas. Atlas.
Roche, D. (2007). A cultura das aparências: uma história da indumentária. Senac.
Roux, D., & Korchia, M. (2006). Am I what I wear? An exploratory study of symbolic meanings associated with secondhand clothing. Advances in Consumer Research, 33, 1-7.
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2015) Como montar um brechó. SEBRAE. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-brecho,37587a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD
Sihvonen, J., & Turunen, L. L. M. (2016). As good as new – valuing fashion brands in the online second-hand markets. Journal of Product & Brand Management, 25(3), 285–295. https://doi.org/10.1108/JPBM-06-2015-0894
Spooner, B. (2010). Tecelões e negociantes: a autenticidade de um tapete oriental. In: A. Appadurai (Ed.). A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. (pp. 247–298). Editora da Universidade Federal Fluminense.
Stolz, K. (2022). Why Do(n’t)We Buy Second-Hand Luxury Products? Sustainability, 14(14), 8656. https://doi.org/10.3390/su14148656
Strehlau, S. (2008). Marketing do luxo. Cengage Learning.
Turunen, L. L. Cervellon, M. C., & Carey, L. D. (2020). Selling second-hand luxury: Empowerment and enactment of social roles. Journal of Business Research, 116, 474-481. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.11.059
Turunen, L. L. M., & Leipämaa-Leskinen. (2015). Pre-loved luxury: identifying the meanings of second-hand luxury possessions. Journal of Product & Brand Management, 24(1), 57-65. https://doi.org/10.1108/JPBM-05-2014-0603
Turunen, L. L. M., & Pöyry, E. (2019). Shopping with the resale value in mind: A study on second‐hand luxury consumers. International Journal of Consumer Studies, 43(6), 1–8. https://doi.org/10.1111/ijcs.12539
Zampier, R. L., Farias, R. C. P., & Pinto, M. R. (2019). Authenticity in Discursive Practices of the Online Market for Second-Hand Luxury Clothing. The Qualitative Report, 24(12), 3125–3149.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais dos originais aprovados serão automaticamente transferidos à Revista, como condição para sua publicação, e para encaminhamentos junto às bases de dados de indexação de periódicos científicos.
Esta cessão passará a valer a partir da submissão do manuscrito, em formulário apropriado, disponível no Sistema Eletrônico de Editoração da Revista.
A revista se reservará o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos(as) autores(as).
Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos(às) autores(as), quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação.
As provas finais serão encaminhadas aos(às) autores(as).
Os trabalhos publicados passarão a ser de propriedade da Revista, ficando sua re-impressão (total ou parcial) sujeita à autorização expressa da Revista. Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação: Revista Gestão & Conexões.
A Universidade Federal do Espírito Santo e/ou quaisquer das instâncias editoriais envolvidas com o periódico não se responsabilizarão pelas opiniões, idéias e conceitos emitidos nos textos. As opiniões emitidas pelos(as) autores(as) dos artigos serão de sua exclusiva responsabilidade.
Em todo e qualquer tipo de estudo que envolva situações de relato de caso clínico é fundamental o envio de cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado(s) pelo(s) paciente(s).